Ao Amor, ao Meu Amor

 

Diz ao meu amor de que é feito a saudade:

Se da falta de um sorriso,

Se da lembrança de um momento,

Se da nostalgia, da ausência, do desejo...

 

Diz ao meu coração de que é feito o amor:

Se de um sonho sem princípios,

Se de uma entrega sem limites,

Se da negação, da abstinência, da cessão...

 

Digo, pois à saudade, que é má companheira.

É carrasca sem escrúpulos,

É visita indesejada

Que fere, que dilacera, que marca a alma.

 

Digo, pois, ao amor, que é abismo profundo,

É caminho sem retorno,

É o abstrato mais concreto

Que confunde, que perturba,que marca o coração.

 

Diz meu coração que anseia por seu amor.

Diz, meu amor, que anseia por meu coração!

Rodrigo Dias

(in: “Expressões Impressas & Impressões Expressas”; Usina de Letras, Rio de Janeiro, 2009)

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