A BELEZA DA ALMA

 

A BELEZA DA ALMA

 

Desculpe-me as belas,

Mas beleza é raridade,

Por mais que seja simplesmente bela,

Não será pura verdade,

Por que o aspecto da alma nunca é desvendado.

 

A beleza que procuro é incompleta,

Não estou falando de teus olhos

Que ilumina meu destino,

Nem tão pouco do coração

Que me refaz menino,

Ou do teu beijo que me desperta.

 

Estou falando da beleza que não procuro,

Que muitas vezes me perco em curvas suntuosas,

Mas me refaço, contornando meu desejo,

Desfigurando meu lado escuro,

Que revela a flor mais bela, entre todas,

Mas não te encontro, entre muitas, não te vejo.

 

Desculpe-me as belas,

Mas beleza é leveza da alma,

Por mais que seja simplesmente bela,

Não serás pura como a sinceridade,

Por que o corpo é injusto quando revela.

 

A beleza que encontro é parcial,

Como quem reparte, desaparece e nunca vai.

Não estou falando de teu corpo que elimina a fome casual,

Nem de teus suspiros que revela teu aceite crucial,

Estou falando de tua alma que não revela teu semblante,

Outrora, natural, presente, ausente do desejo animal.

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                        DUPLICIDADE

 

Agora não estás sós,

Teu pensamento difere de teu corpo,

Tua alma dispensa meu olhar,

Você parece estar aqui,

Mas teu pensamento estar em outro lugar.

 

Agora não estou só,

Meu desejo busca outros olhares,

Minha alma uniforme em temporais,

Nos jardins sem colibris,

Nos arco-íris do horizonte,

Em outras fontes e formas de amar.

 

Agora não estás sós,

Teu beijo frio ancora em outros cais,

Tua busca incessante a amantes em redes sociais,

Como se teu corpo e tua alma não comungasse jamais,

Em deleite do tempo em dois sóis.

 

Agora não estou só,

Viajo no tempo na junção de minha e tua alma,

Dançando uma música composta pela ocasião,

Assim como um tsunami que se acalma,

Esta duplicidade se ama e se beija pela manhã.

 ANÁTEMA

 

Por que este olhar julgador,

Não aceitas as oferendas,

Abominas o desejo, meu amor,

O que queres, por que afrontas.

Julgas meus sonhos, ideais,

Sem conhecerdes meus desejos,

Aqueles revelados, que prevejo,

Em dias de sol, matinais.

Me expulsas dos olhos, da visão,

Excomunga-me de teus sonhos,

Sem retroceder, com retidão,

Retalhando-me a alma, meus olhos,

Em um sofrer sem compaixão.

Esta sentença proferida

Pela boca encarnada que beijo,

Parece um punhal prolixo

Rasgando minha pele ferida,

Desfazendo meus sonhos, os desejos.