Cem Vinicius

Cabem muitas coisas em cem anos.

Cabem guerras e tréguas, perdas e danos.

Alguns acertos e tantos enganos.

Cabem idas e vindas, partidas e chegadas

e tantas ruas e tantas estradas.

Cabe choro e cabe riso, inferno e paraíso,

loucas paixões e amores de tanto siso.

Muito cabe em cem anos, mas pouco transborda

e de nem tudo se recorda;

talvez de um laço, talvez de um espaço,

de um corpo, de um abraço.

Talvez de uma música, de um filme, de um poema

ou só de quando o Mundo virou um teorema

e a última utopia naufragou no sistema.

E talvez só do tempo em que de tudo se esqueceu,

pois foi o tempo em que a vida morreu

e que dos umbrais só retornou por obra e graça

dos versos de Vinicius, o anjo boêmio dos reinícios,

o menestrel da alforria,

que mais que poeta,

fez-se poesia. 

 

    Homenagem pouca ao Poeta Grande, Vinicius de Morais * 19.10.1913

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Comentários

Poeta;
Agora entendi o CEM VINÍCIUS...realmente só ele pra preencher estes Cem anos de vida e morte e lirismo poético e de vida bem vivida. Sua poesia faz juz á grandeza poética do nosso poetinha. Cem anos que vivemos Com e Sem Vinícius e tanta coisa aconteceu neste tempo...inclusive surgir outros grandes poetas como você,que escreve divinamente.
Abraços
Vera Helena