Choro piedoso, o choro consagrado

Choro piedoso, o choro consagrado
Ás desditas dos seus. Honra ao propheta!
Oh margens do Jordão, paiz formoso
Que fostes e não sois, tambem suspiro
Condoído vos dou.--Assim fenecem
Imperios, reinos, solidões tornados!...
Não:--nenhum deste modo: o peregrino
Pára em Palmyra e pensa. O braço do homem
A sacudiu á terra, e fez dormissem
O seu ultimo somno os filhos della--
E elle o veio dormir pouco mais longe...
Mas se chega a Sião treme, enxergando
Seus lacerados restos. Pelas pedras,
Aqui e alli dispersas, ainda escripta
Parece ver-se uma inscripção de agouros,
Bem como aquella que aterrou um í­mpio
Quando, no meio de ruidosa festa,
Blasphemava dos céus, e mão ignota
O dia extremo lhe apontou dos crimes.
A maldicção do Eterno está vibrada
Sobre Jerusalem!--Quanto é terri­vel
A vingança de Deus! O Israelita,
Sem patria e sem abrigo, vagabundo,
Ódio dos homens, neste mundo arrasta
Uma existencia mais cruel que a morte,
E que vem terminar a morte e inferno.
Desgraçada nação!--Aquelle solo
Onde manava o mel, onde o carvalho,
O cedro e a palma o verde ou claro ou torvo,
Tão grato á vista, em bosques misturavam;
Onde o lyrio e a cecem nos prados tinham
Crescimento espontaneo entre as roseiras,
Hoje, campo de lagrymas, só cria
Humilde musgo de escalvados cerros.

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