De fazer o que não faço!

De fazer o que não faço!

 

 

Dores de uma vida

Não vivida

Mas percorrida

Ressentida

Em pés descalços,

gretados.

De passos em viés,

De percalços

Sorrisos de palhaços

Já sem graça

Sonhos

De castanheiros em flor

De figos maduros

Dos cheiros a mosto

Das uvas e dos vinhos...

Saudade dos monturos

Onde a vista se perde

E não alcança

E a razão se acaba

Nas coisas do coração

Saudade de mim mesmo

Revolta

Pela eutanásia infligida

Pelo mar cujo sal

São de lágrimas choradas

Pela ausência de ti

Saudade se ser

O que não sou

De ter o que não tenho

De fazer o que não faço

E não passo

Dum trapo já gasto

E sem uso.

 

Género: