Deixa que ao romper d'alva o cravo abrindo

Deixa que ao romper d'alva o cravo abrindo,
            Á rosa envie o aroma;
    E lá quando alta noite a lua assoma,
            O rouxinol carpindo!

    Que pela face a lagrima resvale
            De quem no exilio geme;
    E quando a propria sombra o homem teme,
            Que a mãi seu filho embale.

    Deixa que ao espaço immenso os olhos lance
            O sol antes que expire;
    Que pelo norte a bussola suspire
            E nelle só descance.

    Amam leões e tigres. Não ha nada,
            Anjo! que a amor se esconda.
    Beija a pomba o seu par; e abraça a onda
            A rocha inanimada.

    Deixa que a nuvem negra tolde a lua
            Se a leva a tempestade;
    Deixa que eu te ame a ti, cara metade,
            D'esta alma toda tua!

Coimbra.

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