Doravante

       DORAVANTE

 

Doravante

Vou fingir-me ignorante

Vou olhar e só ver o que eu quiser.

E, nesta hipocrisia de  estar, 

Vou ser só mais uma entre milhares.

Doravante

Vou sentir outros sentidos,

Vou ser alheia e distante

Vou ser cega e impenetrável,

Inútil e imprestável.

Doravante

Vou sorrir fingidamente

Calar-me cobardemente.

E, nessa versatilidade arrepiante, 

Mudarei de faceta num instante !

E depois,

Neste estado entediante

Vou fitar-me bem de frente

E confrontar-me nos olhos com firmeza.

E neste súbito relampejo

Estremeço !

Não me revejo ! 

Não me reconheço !

Perante tal reflexo,

Retrocedo.

Não vou nessa direção

Não quero seguir tais passos !

E portanto, doravante,

Vou manter o meu compasso,

Aumentar-me em humildade

E sentir-me de verdade.

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Temos mesmo que ás vezes dosar alguns atos! beijos