Eis que a turba rareia. Ermam bem poucos

Eis que a turba rareia. Ermam bem poucos
Do templo na amplidão: só lá no escuro
De afumada capella o justo as preces
Ergue pio ao Senhor, as preces puras
De um coração que espera, e não mentidas
De labios de impostor, que engana os homens
Com seu meneio hypocrita, calando
Na alma lodosa da blasphemia o grito.
Então exultarão os bons, e o í­mpio,
Que passou, tremerá. Emfim, de vivos,
Da voz, do respirar o som confuso
Vem confundir-se no ferver das praças,
E pela galilé só ruge o vento.

Em trévas não ficou silenciosas
O sagrado recincto: os candieiros,
No gelado ambiente ardendo a custo,
Espalham debeis raios, que reflectem
Das pedras pela alvura; o negro mocho,
Companheiro do morto, horrido pio
Solta lá da cornija: pelas fendas
Dos sepulchros deslisa fumo espesso;
Ondeia pela nave, e esvái-se. Longo
Suspirar não se ouviu?--Olhae! lá se erguem.
Sacudindo o sudario, em peso os mortos!

Mortos, quem vos chamou? O som da tuba
Ainda do Josaphat não fere os valles.
Dormí, dormí: deixae passar as eras...

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