Escuta...

 

Escuta...

 

Escuta... Escuta! Escuta?


O ronco da barriga vazia!


O trovão que ecoa!


O "AÍ!" da azia!


Escuta... Escuta! Escuta?


O falatório dos políticos politiqueiros!


O grito das ruas, a reclamação das agruras!


Os discursos dos devaneios!


Escuta... Escuta! Escuta?


O barulho da marreta na bigorna!


O som da água correndo!


O gole que o bêbado entorna!


Escuta... Escuta! Escuta?


O choro da criança!


A gargalhada da mesma!


O sorriso da esperança!


Escuta... Escuta! Escuta?


O vento ruidoso!


O barulho no galho!


O passo do gato manhoso!


Escuta... Escuta! Escuta?


O motor do avião!


A fala do que reclama!


A batida do coração!


Escuta... Escuta! Escuta?


O cantar do passarinho!


A onda do mar que quebra!


A onomatopaica do relógio ligeirinho!


Escuta... Escuta! Escuta?


Mas por quê tanto escutar?


Escuta, pois cada som que escutas, é único, jamais repetir-se-a!


Em um tempo não escutarás mais...


Chegará o tempo do silêncio!


Do calar!


Do não mover-se!


Do não sentir!


Do não ouvir, do não viver...


Escuta... Escuta! Escuta?

Antes do Não reinar e o Não acontecer...

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Comentários

Belo texto, mais um com brilhantismo de sempre.

E assim  os nossos silêncios jamais se calarão

Abraço

FC

Muito obrigado!

Para ser sincero, sinto (no Brasil), um tanto de desprezo e indiferença pela busca de construções textuais próximas ou semelhantes ao meu trabalho. Dos mais de 60 mil acessos no blog que posto, aproximadamente, somente 16 mil acessos são do meu país. Se, em alguns momentos, consigo um brilhantismo, aqui, onde vivo, ele é apagado, ou, existe em constante eclipse...

ESCUTA! Estou chocada com este poema!

Parabéns!

M.C.R.

Muitíssimo obrigado!

Com toda a INcerteza penso: a arte, a escrita, o poema, é necessário, um chocar...

Então... surprise CHOQUEI!!!