Espasmo de Hoje

Daqui escrevo para ninguém, ou para tudo, não sei. Tanto faz. Tal como um verme enlameado que repousa nos socalcos vertiginosos de um qualquer paraíso demoníaco. Não importa qual, todos o são. De nada me serviu amar os outros quando o pensamento se insiste turvo, quando a dúvida e a ira transmutam a sanidade. De nada. Absolutamente nada.
Não quero ter razao. Apenas quero paz. Gostava que essa razão fosse entendida em algum sistema empático e empírico, um qualquer que fortalecesse uma consciência global com base nas poucas certezas que tenho:
Somos todos palhaços do mesmo circo. Há os palhaços que se riem connosco e há os que se riem de nós. Tenho para mim que este sempre foi símbolo de tristeza e de vazio. Sempre imaginei que só pessoas profundamente tristes desejam agradar os outros. E assim seguimos, profundamente tristes e vazios fomentados pelos sorrisos alheios. Regurgitando dores e soluços. Regurgitando também silêncios.
Silêncio é dor, é vazio. Silêncio é morte. E essa é a única certeza que tenho.

 

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