Herói
Imagina ter superpoderes,
	Voar, sumir e transcender,
	Delegar aos ímpios seres
	Moral, decência a se ter.
	Imagina ser um arquétipo,
	Ser um símbolo universal,
	Ser um motivo ético,
	Para lá de transversal.
	Queria ver um super-herói,
	Também um vilão maligno,
	Um motivo que corrói
	O doutor do hospício clínico.
	Vejo apenas a realidade,
	Enfadonha e programada:
	Nascer, crescer e calamidade:
	Ser a estatística tramada…
	Vivo na distopia dos dados,
	Tenho valor conforme compro,
	E o algoritmo tem meus passos
	Do que valho e do que apronto.
	A inteligência artificial venceu,
	Tomou o lugar da ficção,
	Deu espaço pro apogeu
	Da loucura e da ação.
	Aqui sou um antagonista.
	Luto contra a vigilância,
	Não temo vida à vista:
	Sou o arquétipo da implicância.