Hoje Busco

Hoje busco

 

 

Hoje busco

o olhar vazio dos anjos

nas noites de Chernobil.

 

O fumo macio

dos cemitérios de asas

em tumulto…

 

A calma chama da lua cheia

chamando-me ao centro de ti:

Gravidade de beijo puro

Sangue valente que grita

na Carne-Ruptura imortal.

 

Não sou feito de ti

mas somos banhados

por punhos de luz semelhantes;

Sonhos barrados em mornos palácios

distantes.

 

Sento-me na canção do penhasco

Escalo a metáfora do sexo

Mastigo o hipócrita com asco

Treme a terra existencial e estou fixo.

 

Navego, sim, tremendamente,

meu planeta de estrelas xamânicas.

O vocabulário do meu tacto

desfolha um novo dicionário

após cada dia de ti.

 

Pérola-musa,

escuta a flauta do vento selvagem

na erva livre

e entende, tal como a água entende,

diariamente, as incontáveis línguas do Sol

e se faz Vida,

que o meu pequeno coração pode não saber muita coisa,

mas sabe que te ama.

 

 

Há dias em que acordo com a alma completamente atolada num pântano kármico;

Cada vez que dá um passo

Fico atascado até ao cachaço.

 

Mas a tua presença simpática de flor palpitante

Ainda me faz sorrir por bem mais que um instante.

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