A mecânica dos silêncios
Autor: Frederico De Castro on Monday, 19 December 2016
No furor
o ruído
o eco do software
O devaneio de um grito
reverberando no
castiçal dos silêncios
preenchendo a ressonância de
todo o meu hardwere
O frémito ruído
o desembaraçar do tempo
num sentimento cego
sem sossego, alvoraçado
soltando gemidos num
fluído de palavras esperneando
num putrificado dia desfasado
A mecânica dos silêncios
o verso bramindo na noite
calada
a sombra passageira onde
jaz a voz quieta
num rumor vagabundo
que agora até desinquieta
A caligrafia deslizando
no sepulcro do silêncio
O obcecado e astuto ruído
atrelado ao doce silvo
de um beijo deixado no
rodapé desta algazarra
onde se fez gritante o
sorriso ocluído
Resta o farfalhar
do Outono
O chorar mansinho das
horas e dos lamentos
extenuados
A madrugada se incrustando
entre estes versos sitiados
empurrando a maçaneta da
vida gemendo entreaberta
ao suave ninar dos silêncios
que quero somente perpetuar
Na prisão dos ventos uivantes
preencho cada hora minguando
no chinfrim de um sonho
martelando a noite numa arritmia
louca, festiva
engolindo uma gargalhada soando
límpida no tilintar da tempestade
batucando, vituperando nos disjuntores
da vida num curto-circuito
eléctrizando esta canção eclodindo emotiva
FC
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