A MINHA MÃI

    Patria! berço d'amor, que a alma embala
    Em quanto a luz vital nos illumina,
    E onde só descançado se reclina
    Quem, longe d'ella, dôr contínua rala...

    Se n'essa essencia, mãi! que a flôr exhala
    Na essencia d'uma flôr d'essa collina,
    Vês lagrimas d'amor que dentro a mina,
    Com saudades de quem do céo lhe falla:

    Se quando, o céo buscando, o fumo ondeia,
    Quando esse valle o sol deixa indeciso,
    Vês como fumo e flôr aspira, anceia

    Um pai, um Deus, um céo, um paraiso,
    Ah! tendo eu tudo, tudo, em minha aldeia,
    Vê tu se labio meu desfolha um riso!

Coimbra.

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