A mordida de Eva.

A MORDIDA DE EVA

A pequena Eva com toda inocência de uma vida, era alegre por si só. Vivia em um jardim com harmonia de um verdadeiro paraíso. Lá, às vezes, espiava de longe, escondida, entre as árvores, o que havia de mais belo na imensidão daquele jardim: um fruto radiante chamado conhecimento. Entretanto, esse fruto, era a única coisa que não podia tocar pois havia um medo,que lhe prendia.

Escondida em meio as árvores,tentava decifrar o que havia de tão especial, no fruto proibido. Ficava admirando por horas aquela beleza intocável que deixava seus dias cada vez mais excitantes. Guardou para si todos aqueles desejos de sabores inimagináveis, que lhe fazia sorrir enquanto sonhava com seu sabor maravilhoso e suas cores e formas atraentes. Guardava também toda curiosidade que fazia questionar aquilo que tanto lhe atraía e lhe embotava ( enchia ) de medo. Em uma tarde especial, junto às árvores que costumava ficar, sussurrou um desejo, fazendo da leveza do vento um sopro forte, agitando as árvores ao redor.

A pequena Eva vendo a natureza se manifestar, ficou imóvel, assustada, mas ainda sim, permaneceu forte. Sabia que seu segredo não era mais só seu. Em um ato de loucura e coragem desprendeu-se de todo seu medo, pois sabia que seria inevitável o castigo. Sem pensar em nada, caminhou lentamente entre as árvores, fazendo que o vento soprasse cada vez mais forte e irreverente. Não havia mais medo, seguiu até ficar frente a frente com aquele que era objeto de sua curiosidade e cobiça. O vento cessou e as árvores pararam... Naquele momento, no centro do jardim, a pequena Eva com toda a beleza de sua inocência arrancou com suas próprias mãos o fruto da sabedoria! Respirou... e deu uma suave e saborosa mordida, e com os olhos fechados enxergou o que não podia ver, nem imaginar! Se viu arrancando véus, sentindo um turbilhão de conhecimento, entrando na sua cabeça e pôde, naquele momento, enxergar e sentir se desvelando ( retirando, abrindo os olhos para ) o segredo da vida do olhar do Criador. Sem perceber, sentiu uma nova sensação que a invadia, um sentimento de poder que a fazia se sentir semelhante a Ele.

E a cada mordida sua inocência se esvaía e se enchia com conhecimento que se abria do real no irreal. Viu o mar e toda sua beleza, sentiu paz e também o amor e descobriu que seria capaz de tudo que imaginasse. Então, sorriu feliz, mas, enquanto caminhava, viu seus semelhantes, viu a vida de forma nua, teve conhecimento do bem e do mal e toda destruição pela busca de poder num mundo onde não havia um Deus, mas onde todos eram deuses... Perplexa sentiu a dor da guerra brotar de seu ventre e expandir por todo seu corpo impedindo-a de controlar seus impulsos, em meio as farpadas que a dilacerava e a fazia se debruçar de dor, impotência e horror.

Naquele instante se utilizando de toda a força que restava dentro de si para sair daquele pesadelo que conteve sua fala, e da dor que a consumia Eva gritou numa espécie de libertação, palavras de esperança frente àquela visão torpe que assistira. Fazendo com que todos os véus antes rasgados se fechassem novamente lhe sufocando e lançando seu corpo num vazio.

 Eva acorda! Com a respiração ofegante confusa e sem saber onde estar e aos poucos vai se familiarizando com local e ao deitar todo seu corpo na cama reparando o espelho do teto, nessa hora sabe muito bem onde estar, e deitada ver seu reflexo ainda ofegante, olha pra si mesma e não há reconhece, mas lentamente vai controlando sua respiração enquanto observa seu rosto e se reconhece em meios aos  borrões de um pesadelo que ainda se faz presente em sua mente e seus olhos vão reconhecendo suas formas,  suas tatuagens, seu cabelo e ao reparar toda sensualidade de seu corpo nu, cobriu seu corpo, levantou foi ate a mesa no canto conferiu seu pagamento, olhou a hora, pegou a tolha jogada na cadeira e foi se banhar.

Ely Paiva

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