Negra tinta...

Não sou poeta nem escritor

Deito apenas tinta para o papel

Tinta negra como o sangue da minha dor

Por esta pena que é vesícula do meu fel

 

Este sangue escuro, frio e negro

Como tão negra é esta alma minha

Negra a tinta com que escrevo

Coisas desta alma daninha

 

Tão negra tinta em fio espesso

Grosso caudal em rio de lama suja

De tantos pecados que por ele correm

 

Não sou escritor que há glória fuja

Nem poeta dos que sem glória morrem

Sou pecador, e só pecador me confesso.

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