Nota de um perdão

Nota de um perdão 
 

      Primeiramente peço que me perdoem pelos erros gramaticais, as palavras viradas e as pernas bambas e inocentes nas letras. Penso mais rápido do que falo ou penso. E isso é não pensar. Pois peço-lhes perdão se as letras estiverem borradas. Elas suam como desgraçadas e os malditos pingos não esperam. Não chegam a ter febre, pois quem a tem é quem pensou demasiado. E logo eu! Costumo não pensar. Por isso peço-lhes que me perdoem. O ar traz, a folha se enche. Não entra pelas orelhas. Têmporas tímidas. Não entra se quer pelos meus olhos fechados. Se eu falar da dor do mundo, saiba que não penso sobre a dor do mundo. Eu penso a própria dor do mundo. Sou a dor do mundo. Portanto, se sou, não penso o que sou, somente o que fui e serei. Talvez no passado ou no futuro eu como um destino repousado na ideia dos olhos fechados de alguém que também perdoa. E a idéia passará. O suor secará da testa e as olheiras, ora febris, desapareceriam. Perdoem-me, pois na folha ainda estarão a borrar. Mas as letras não pensam. Estão muito além de sua superfície; há tempos sem tempo, correndo por aí como anarquistas. E por isso continuarei: pensando mais rápido do que falo ou penso. Que assim seja...

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