O mar que embala, ás noites, o teu somno
Autor: António Nobre on Sunday, 6 January 2013
O mar que embala, ás noites, o teu somno
É o mesmo, flor! que á noite embala o meu.
Mas em vão canta a minha ama do Outomno,
Pois pouco dorme quem muito soffreu.
Mas tu feliz qual rainha sobre o throno,
Dormes e sonhas... no que, bem sei eu!
O teu cabello solto ao abandono,
As mãos erguidas de fallar ao céo...
Feliz! feliz de ti, doce Constança!
Reza por mim, na tua voz chymerica,
Uma Avè-Maria de Esperança!
Por minha saude e gloria (Deus m'a dê)
Por essa viagem que vou dar a America...
Quando, um dia, voltar, dir-te-ei porquê!
Ilha da Madeira, maio, 1898.
Género: