O mar que embala, ás noites, o teu somno

    O mar que embala, ás noites, o teu somno
    É o mesmo, flor! que á noite embala o meu.
    Mas em vão canta a minha ama do Outomno,
    Pois pouco dorme quem muito soffreu.

    Mas tu feliz qual rainha sobre o throno,
    Dormes e sonhas... no que, bem sei eu!
    O teu cabello solto ao abandono,
    As mãos erguidas de fallar ao céo...

    Feliz! feliz de ti, doce Constança!
    Reza por mim, na tua voz chymerica,
    Uma Avè-Maria de Esperança!

    Por minha saude e gloria (Deus m'a dê)
    Por essa viagem que vou dar a America...
    Quando, um dia, voltar, dir-te-ei porquê!

Ilha da Madeira, maio, 1898.

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