o silêncio das pedras

 

Não desmereça o tempo
em sua face menos visível
atua o ínfimo

Teu poder absoluto desafia os mares
e teu cálculo impossível
entrega aos céus o meu destino

Todas as pedras me contam algo
até mesmo as pisadas que viveu
quando ainda meninos
subiam nos barcos piratas
e descobriam outros mundos
(tesouros secretos de casas amplas)

Meus austeros passos
derramam meu sangue pelo caminho
 

E o tempo
aquele ser indizível
e indivisível
seca, no chão,
as gotas antes úmidas

E depois,
por mágica extrema
ela se desfaz
 

Somem seus vestígios
e nem os menos cegos
vêem sequer o seu contorno:
desaparece,
se transforma,
existe espalhada nos pés

Naqueles todos os pés
e em milhares de partículas
desunidas em últimos passos

E por ser assim
desfeito em navios
é que meu sangue desaparecido vive
Cada pedaço em si
sabendo que pertence a um todo
gota de sangue

Minha dor remanescente
caminha partida
e vive arrastada pelas solas

Mas resiste à morte e jura
solenemente em nome da matéria
a união novamente
provavelmente
numa silenciosa pedra pisada.

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Comentários

Procuras a Harmonia no Cósmos ? Adorei...

é sim

vejo-nos a todos inseridos no mesmo todo:

universo, cosmos, infinito,

o TODO.