Pai! Os velhos trigos que vivi

O mundo cantou a música da vida
Nós dançamos feito sapos contra insetos de chuva,
Só escorreu tinta avessa de pulmões intermitentes
Nas sacadas dos velhos telhados envelhecidos.

Olharam com cuidado
E o que pareceu-nos foi refresco
De brisa triste fincada às persianas de domingo.

Longe dos novilhos
Dos pastos
Do doce dos sucos.

Fugiram todos mais todos mesmo
Assim, quem foi parido resmungou um palavrão
Em forma de ódio
Daqueles que cheiram a última vaca parida.

Chaleiras bufando nas manhãs de campos nos vales enegrecidos
Do outro lado das parreiras angelicais
Esverdeadas em esmeraldas divinas.

Dedos em violões e pais esquecidos,
Palavras cegas,
Surdas e mudas
Como em enterros noturnos.
Literaturas mortas em testas
De espinhos profundos
Nas faces escorridas de sangue grosso...
Ao caminho,
Nas trilhas disformes do seco vermelho
Distante da cor.

Últimos sinos ao invés de aços esfarinhados.
Quadros e vinhos
Líquidos e gostos
Embebidos ao sereno brando
Gesto tremido do velho
Quase sem coração.

Lançaram os pensamentos para fora dos vales
Com corpos sepultados na mistura fascinante,
Só que brotou uma borboleta ali
Só que bem ali amante estava
Necessitando da morada
Do vento
Da brisa
Das flores
Tão como néctar
Alimento suave da sinfonia
Extraordinariamente breve no infinito.

Houve quem sentiu elétrons velozes
Palavras contra alvos poesias de átomos
Nas axilas transpiradas
Escondidas abaixo dos braços de leituras aflitas.

A letra piou um poema em diversos gravetos
Na arquitetura inocente do ninho...
Ovos por ali em meio às penas quentes
Dalgum mistério de céu e inferno crentes
Soletrando o que séculos e milênios perfumosos são.

Os perfumes daquelas flores foram
O que se guarda nas trancas de chaves cósmicas.
Mesmo assim o ouro briga com o sol
Quem mais forte é
Quem mais belo é
Quem mais é do que é.

Ensinaram o ponto não pararam a prosa
Escrita à mão com dedos – locomotiva nos trilhos
Do aço mais forte do que tragos das madrugadas famintas.

Deram na primavera tímida a última festa verde.

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Comentários

"(...)Dedos em violões e pais esquecidos,
Palavras cegas,
Surdas e mudas
Como em enterros noturnos.(...)"


Uma poética sensível,com uma beleza melodiosa que toca o coração.
 
Congratulações e grata por compartir