Prologo

Em hora de afflicçãô, molhei a penna
Na chaga aberta d'esse corpo amado,
Mas n'uma chaga a suppurar gangrena,
Cheia de puz, de sangue já coalhado!

E depois, com a mão firme e serena,
Compuz este missal d'um torturado:
Talvez choreis, talvez vos faça pena...
Chorae! que immenso tenho eu já chorado.

Abri-o! Orae com devoção sincera!
E, à leitura final d'uma oração,
Vereis cair no solo uma chymera...

Moços do meu paiz! vereis então
O que é esta Vida, o que é que vos espera...
Toda uma Sexta-feira de Paixão!

Coimbra, 1889.

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