QUOTIDIANOS – 6º CAPÍTULO

QUOTIDIANOS – 6º CAPÍTULO

Conversa a três, dois ex-políticos e um aposentado, sobre sexualidade, esse bem da humanidade. Sem sexo, não há vida. Um dos intervenientes diz “que enquanto há língua e dedo, não há mulher que lhe meta medo.” O outro conta a história de um famoso político já falecido, que manifestou uma grande satisfação com a descoberta do viagra: “a maior invenção a seguir à roda”. O terceiro, ouvia e ria-se…ria-se.

Passo por uma grande Avenida e num Parque ornamentado com Tílias, mas ninguém colhe as suas flores medicinais, havendo necessidade de as importar. Temos riqueza e não a aproveitamos. Há anos, na Covilhã e Castelo Branco, duas brigadas de trabalho de reclusos apanharam umas centenas de quilos, de cujas receitas receberam os respectivos salários, e com as verbas suplementares mobilou-se o refeitório do Estabelecimento Prisional da Covilhã. Outros Tempos…

Caso inédito numa região escutista. Na tomada de Posse dos Elementos Directivos da Junta Regional do CNE, democraticamente eleita, nota-se a ausência do responsável diocesano e do assistente regional. Uma Igreja que não acredita nos jovens está moribunda. Já não precisa de extrema-unção.

Louvável a atitude do “Jornal do Fundão”, que inseriu 5 de julho uma interessante entrevista com a Chefe Regional eleita. Parabéns.

Num ano passei oito meses internado, convivi e apreciei muitos dos diversos serviços de que beneficiei, com algum destaque para a pastoral da saúde. Louváveis as palavras do novo Bispo de Viseu, que teve a profissão de enfermeiro, quando afirma: “o tempo passado no Hospital com os doentes fi-lo tempo de ouro. Tantas escutas, tantas confidências, tantos desabafos, tantas alegrias e bênçãos no meio da dor e do sofrimento. No meio do desnudamento de nós mesmos, onde a verdadeira dignidade é o único manto que nos cobre, juntamente com os cuidados que nos são prestados.”

Numa tarde, junto à Esplanada, um Grupo de Escuteiros Oeiras, estão impecavelmente fardados com as mãos carregadas de cerejas do Fundão, prémio de um raid pedestre Fundão-Monsanto-Fundão. Uma ida a uma terra esculpida em granito e, segundo Manuel Cardoso Maia, “nunca se sabe em Monsanto se a casa nasce da rocha, se a rocha nasce da casa.” Irmãos escuteiros na força da sua juventude, a falar com dois escuteiros mais velhos.

O Sporting Clube de Portugal deve ser o clube mais rico do mundo. Deve haver petróleo em Alvalade, são tantos os candidatos a concorrer às eleições para presidente. Também está neste momento entregue a uma figura, que teve o incrível mérito, num país de bêbedos, de deixar falir uma fábrica de cervejas.

Sempre me irritou mandar uma mensagem e não ter resposta de retorno. É um simples gesto de boa educação. Ficam surdas e mudas. Em contrapartida, o nosso Presidente da República agradeceu de imediato o livro ”Desporto no Fundão”, uma viagem no tempo através de crónicas e imagens históricas.

Amavelmente foi-me entregue pela Acção Social da Câmara do Fundão o livro” SINGULAR NO PLURAL”, onde são descritas profissões e pessoas, várias de etnia cigana. Um livro que procura destruir preconceitos e acabar com a discriminação. Quer na infância, quer na vida profissional, lidei com muitas pessoas de etnia cigana. Verifiquei que muitos enveredaram por diversas profissões - barbeiros, bombeiros, cozinheiros, advogados, comerciantes, futebolistas -, e sempre tive com eles um bom relacionamento. São cidadãos como nós e pessoas dignas.

Na esplanada de um café no Fundão, um arquitecto e um engenheiro conversam. O arquitecto afirma que os edifícios são os poemas dos arquitetos, e o engenheiro diz que é ele quem dá consistência às ideias do “poema”. Conclui-se que é um trabalho de equipa em que todos são importantes.

Por fim uma entrevista ao Padre Feytor Pinto, com trinta e um anos na Pastoral da Saúde: “É bom saber que em SAÚDE não se trabalha com as máquinas, mas com pessoas. Portanto há que dar prioridade à pessoa e à humanização”.

 

 

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Junho/2018

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