RÁMÁLÁIDÊM: o nascimento!

RÁMÁLÁIDÊM: o nascimento!

 
 
RÁMÁLÁIDÊM !
 
 
 
O que é RÁMÁLÁIDÊM?
 
Quem é  RÁMÁLÁIDÊM?
 
Quando é?

Para que é RÁMÁLÁIDÊM !

 

É:

Grito em estado puro! É!

Grito do oco existencial! É!

Grito do ser incompreendido! É!

Grito do ser que sofre sem saber! É!

Grito de tantos sofreres e questões! É!

É:

O que não era para ser mas foi! É!

A Mutação mutante emergida da miséria! É!

A Além Miséria! É!

A alma insurgente obcecada pelo poder! É!

Quem é?

Um menino nasceu!

Um menino nascido!

No deserto escaldante, parido!

Na não esperança!

Na desgraça!

Na desilusão!

Na morte sempre eminente!

Quando é?

No tempo...

Tempo da era de montanhas de dados...

Tempo de morte de fé!

Tempo das verdades absolutas enterradas!

Tempos das misturas santas e profanas!

Tempo de humanizar o que não é humano!

Tempo de desumanizar o que é humano!

Para que é? Para o poder!

Eis a corda estendida!

Quase arrebentando-se!

Eis o absurdo em vida!

Eis a existência do absurdo! O início...

     Rámáláidêm! 
 

Palavra confusa, palava incompreensível,

 
não pertence a nenhuma língua...

Mas, se tornou um nome. Nome temido,

 
nome terrível,
 
do que não era para ser mas foi. 

É como um toque blasfemo,

 
um dedo enriste que insiste que se promove,
 
 
que envolve, um estender de dedo firme, 
 
intuitivo, duro como a realidade,
 
que atravessa o céu,
 
ofende e esbofeteia os anjos e toca os tronos
 
dos deuses,
 
rasga-os, e alfineta fortemente suas hemorroidas!

E assim sangram, sangram os anus divinos... 

Uma mulher grávida, quase dando a luz,

 
criança pronta para nascer
 
em uma das partes mais pobres do mundo,
 
mais violentas, com mais doenças...

No deserto escaldante as dores chegam,

 
fugindo de homens que decepam mãos,
 
braços,
 
que matam por absolutamente nada
 
ou por motivos fúteis.

Ela não pode mais correr, fica com uma amiga,

 
a criança esta vindo,
 
chegando para este mundo desgraçado
 
de sofrer, mundo de ódio intempestivo.

Mas, os perseguidores chegam,

 
com golpes de facão matam sua amiga ajudante,
 
e, malignamente,
 
depois de falar palavras ofensivas
 
a mulher em processo de parir,
 
decepam suas mãos,
 
seus pulsos são cortados
 
com uma belicosa força,
 
sem sentimentos, sem humanidade,
 
sem respostas,
 
só a dor, a dor do filho que está vindo,
 
dos cortes, da ausência de suas mãos...

Como segurar a criança que vai nascer? 

Como sobreviver? 

Os sanguinários demônios odiosos

 
vão embora rindo...

A mulher em agonia contínua e desespero,

 
eis a criança nascendo,
 
eis suas mãos na areia com sangue,
 
seus pulsos esvaindo sua vida,
 
seu coração acelerado diminui gradativamente... 

Vida que vai embora e vida que está chegando...  

Rámáláidêm! 

Rámáláidêm!

Rámáláidêm! 

Ela grita! Ó grito trágico de morte ou de vida?

 

Vai saindo seu filho de seu ventre,

 
 
na areia quente,
 
 
suas forças esgotando-se,
 
 
eis o filho, eis a mãe, eis a vida,
 
 
eis a morte...  

 

[Continua...]

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