Realidade Retirante
Introdução ao poema.
O poema abaixo vem a ser uma análise interpretativa do quadro “Criança Morta”, pintado pelo artista Plástico Cândido Portinari. Me defrontei com a obra no Museu de São Paulo (MASP), devido a um passeio da faculdade. Foi algo que me marcou e me fez analisar e por em palavras a situação do povo nordestino. O que pensar de um povo que viveu e vive a beira da miséria? Que mudança pode haver onde não tem educação e as pessoas lutam por um pão e, muito mais, por um copo de água. A seca não mata apenas a esperança de uma paisagem verde, mata a esperança de viver sem sede. Passeando pelos versos do poema verá a tristeza de uma mãe que vê a morte do filho e não tem dúvida que a sua e do restante dos seus está próxima.
Realidade Retirante.
Gente sem vida, sem ida a lugar algum.
Ficam em sua terra, pois em outrora nada é comum.
O menosprezo, na imigração, está na aparência.
Voltam correndo e buscam alimento pra sobrevivência.
“Meu Deus! Diz como me alimentá?
Meu fio indo e o meu marido no ombro a chorá.
Faiz tempo que o cacto era nosso alimento,
Mais agora é pouco e bastante qué dele sustento.”
São vários os seres, todos à volta do corpo,
Nem parecem “gente”, apenas amontoados de osso.
Só sabe que é mãe, pois está no centro e é grande o lamento.
As lágrimas rolam vívidas, escoando a “vida” que os torna humanos.
Sementes de uma terra, que, seca, é abandonada pelos seus.
Doentes de água, nenhuma alfafa e o gado morreu.
Presente de pobre não é a sorte, mas sim o adeus.
O mundo desce, o céu escurece, o alívio se deu, e pra junto de Deus.
2007 J.L.S.