A Religião, em algum momento na História, acabará?
Autor: Oseias Faustino... on Thursday, 17 September 2015
A RELIGIÃO, EM ALGUM MOMENTO NA HISTÓRIA, ACABARÁ?
Esta pergunta não é difícil responder! Não é... A Religião, ou, as religiões, não vão acabar. Não! Mas, como escrevo esta resposta com tanta certeza, convicção e veemência? Vejamos alguns pontos que penso ser relevantes para responder tal questionamento:
- A Religião responde prontamente o sofrimento humano! Não escrevi que resolve! Não escrevi que a Religião só fala a verdade! Não escrevi que todo dogma é verdadeiro! A Religião consegue fornecer sentido para a vida, para a morte, para o cosmo, o universo, para o mau, para o mal, fornece base e conjunto para a vida em sociedade de uma forma abrangente e profunda, foi e é uma liga, uma pedra de alicerce. Também, não concordo que ela, a Religião seja a causa de todas as mazelas, guerras e sofrimentos humanos. Não penso que eliminando a Religião (o que já demostra-se impossível na História) eliminaria todo o sofrimento...
- A Religião esta, ou melhor, esteve na formação das primeiras civilizações. O Egito antigo, a Grécia antiga, Roma, Os Maias, Astecas... Não há registo de uma civilização antiga que tenha sido estabelecida e "evoluído" socialmente sem a presença marcante, determinante em várias situação, a presença da Religião. O ateu ou não crente é uma peculiar "mutação social" e referindo-se ao passado, muito rara é esta mutação. Não acreditar no faraó? Não acreditar na majestade ungida e escolhida pelos deuses? Não acreditar no próprio deus vivo na Terra? Não podemos afirmar que absolutamente todas as pessoas viviam guiadas pela crença e obedeciam sem criticar a Religião, seja qual for. Mas, a esmagadora maioria sim, era crente.
- Como explicar a vida, a existência, de onde viemos, para onde vamos, o sentido dos sentidos, a causa das causas, o princípio, o sol, a lua, as estrelas, os terremotos, a morte, o nascimento... A Religião! Ela explica o que não tem explicação...
- Os textos sagrados são dotados de uma característica múltiplo interpretativa que atravessa os séculos proporcionando desmembramentos de correntes diversas, semelhantes, antagônicas, conflitantes... Interpretações, doutrinas, dogmas, variantes, que, fomentam mais e mais a Religião, ajudando sua adaptação contínua dentro das sociedades.
- Não há como substituir a Religião! O Positivismo de Augusto Comte criticou e buscou colocar-se como substituto e desenvolvedor de uma sociedade sem Religião, ou melhor, uma sociedade sem a antiga ou as antigas religiões, somente com a religião positivista. E tendo ele, Comte (o fundador do Positivismo), como sumo pontífice da humanidade. Outros exemplos, a União Soviética e a China em momentos diferentes no século XX (tendo como fundamento e discurso o marxismo, o socialismo, o comunismo) tentaram apagar, destruir, submeter a Religião. Com suas ditaduras colossais, com seus tentáculos em todos os lares e mentes, não conseguiram apagar totalmente o senso religioso dos habitantes por elas - as ditaduras - dominados.
- As tecnologias não terminam com a Religião. A tecnologia é utilizada pelos religiosos para pregarem mais e mais a Religião. Tente pesquisar Jesus Cristo na Internet! Maomé, Buda, Deus, Livros Sagrados, Bíblia, Santo, Eternidade... Veja a quantidade de sites, de livros, de informação produzida em nome ou para a Religião.
- O país mais tecnológico do mundo, o "pai" da Internet, o país que possui as melhores universidades do mundo, é um país religioso. Os E.U.A apresentam uma variedade de igrejas e seitas cristãs muito grande. O volume de recursos dos movimentos religiosos, a identidade da população, a influência na política, demonstram que, mesmo com tanta tecnologia e produção científica a Religião continua firme e forte.
- A Religião trabalha com as emoções, os sentimentos e os sentidos de uma forma que nenhum outro tipo de conhecimento trabalha. Esta arraigada, enraizada na psique humana! Se, em alguns casos, a Religião é destituída, por qualquer motivo social ou individual, muitas pessoas perdem o senso das coisas, o sentido de viver, adoecem e morrem. Isto é um fato!
- Diante de tantas atrocidades, crimes, mentiras, promovidas pelos religiosos, por líderes megalomaníacos na História, por fanatismos e intolerâncias, as respostas dos religiosos oficiais e não oficiais, para muitos crentes, convence, responde, é a verdade. Assim sendo, a Religião continua sua caminhada e influência, mesmo com os textos sagrados ordenando matanças e extermínios. Mesmo com corrupção descarada, líderes que pedem e pedem, dinheiro e mais dinheiro, doações e mais doações, mesmo com escândalos (até de crimes sexuais contra crianças), a Religião continua...
- Cultura e Religião! Separar? Em muitos casos: podemos chamar de conceitos inseparáveis... Em outros casos, podem ser separáveis? Sim podem... Mas, tente estabelecer, melhor ainda, escolha uma cultura e veja suas transformações sociais ao longo dos milênios, a Religião é presente, está contida, e, volto a insistir, é inseparável em muitos "passos históricos".
- Nossa mente é projetada biologicamente (pela Evolução Darwiniana ou por Deus? Brincadeira!) para ser uma "super máquina" reconhecedora de padrões. Ao reconhecer ou até imaginar padrões na natureza, como por exemplo as constelações, os movimentos celestes, as formas imaginadas ao deslumbrar as estrelas, o ser humano "leu" as "escritas do cosmo" e tomou para si, as mensagens, tornando-se, ele mesmo, o centro do universo, o eleito entre os seres, o especial, o ser que tem alma e espírito. O filho dos deuses, o filho de Deus!
- O filosofo bigodudo alemão do século XIX, Nietzsche, escreveu sobre a "morte de Deus", ele falou sobre este "fato" transformador que a modernidade vivenciaria ou até promoveria, mas, mesmo com todas as transformações sociais, culturais, tecnológicas e religiosas... Deus continua vivo, vivo mesmo no sentido que o filósofo alemão descreveu.
- E no futuro? Como podemos, ou, como EU, este humilde e desconhecido, pobre e sem recurso, blogueiro escritor amador em um país periférico do mundo capitalista pode afirmar que a Religião continuará sua trajetória e existência? Bem, a necessidade de acreditar é absurdamente necessária! A necessidade de explicar, de emocionar-se diante do deslumbramento da natureza, do universo, dos sentimentos pelos próximos de nós, o sentimento de pertencimento, tudo isto, está intimamente interconectado com a Religião. Na hora da morte? Falar o quê para a pessoa amada ou conhecida que está morrendo? Promover um desencanto do mundo na hora da morte? Por favor que coisa besta e cruel...
- Penso que "caminharemos" para três futuros:
Ou, a humanidade destruir-se-a, sim, isto mesmo... Um colapso ecológico com a poluição nos tirando o ar, a água, ou promovendo intermináveis problemas climáticos e crises econômicas ... Uma guerra muito maior que a Segunda Guerra Mundial utilizando armas nucleares... Não sei o motivo, mas é uma possibilidade, a extinção em massa da humanidade! Idiota desgraça suprema seria, mas, não descarto esta possibilidade...
Ou, não irá destruir-se em sua totalidade, viverá assim, entre crises e progressos, entre algo bom e algo péssimo. Continuará por um tempo relativamente longo, porém, sem a destruição total e sem um progresso promissor de grande desenvolvimento mental, ético, corporal, social... Um reino mundial da desigualdade, este estado de existir parece estar se firmando mais, porém, o primeiro citado, a destruição total, sempre será um fantasma...
Ou, os cérebros mais brilhantes, os detentores de trilhões de dólares, os políticos estadistas, os filósofos, escritores, os cientistas, os religiosos... A humanidade consegue um desenvolvimento social mundial crescente e contínuo de proporções maravilhosas. Diminuição gradativa dos conflitos; velocidade em tomar decisões; um combate geral, uma soma de todos países contra a corrupção; fim da miséria; fim de um número de doenças que ainda existem por estarem ligadas a falta de higiene e insalubridades; fim do analfabetismo e desemprego; utilização de energias renováveis; controle da população... Desenvolvimento verdadeiro, evolução (não gosto muito de usar esta palavra para a sociedade mundial mas vou usar)... Sim uma evolução da humanidade e, talvez, uma transcendência do humano em um futuro longínquo...
Bem, nesses três caminhos citados acima, a Religião NÃO deixará de existir, será modificada nos dois últimos casos, e morrerá junto com os últimos seres humanos na Terra, se ocorrer o primeiro caso citado...
Minha utopia, minha esperança, meu sonho, minha "fé" é o terceiro caso ou terceiro "OU", sou agnóstico, mas não posso separar de mim, de minha família, de minha infância e da infância de meu filho: A RELIGIÃO!
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