Tenho Cinco Minutos

Tenho cinco minutos e diria que já é demais,
o tempo dos astutos é sempre tempo a mais,
e julgar o julgamento é o julgamento dos mortais,
daqueles longe do momento, julgando-se normais.

A vida passa a frente dos olhos, dolorida de preguiça,
da inércia que teima em pesar mais do que devia,
Feridas ficam quando se troca pela matéria postiça,
sorrisos incomensuráveis por postiços tais...

E cinco minutos passam a correr,
escorregam da mão que envelhece,
com o seu tacto áspero de desilusões.

Podemo-nos muito debater,
mas neste agora todo o ser vivo esquece,
o resultado desses cinco vezes milhões.
 
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Comentários

Ah, esta questão do tempo! Tantos nós cegos à sua volta, plenos de esquinas e pontos de interrogação. Gostei  muito do seu poema.