UM SONHO DIFERENTE...
Autor: Oseias Faustino... on Wednesday, 23 September 2015
UM SONHO DIFERENTE...
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Freira, sim, uma freira de meia idade ao meu lado! Nós dois caminhando juntos em uma curta rua asfaltada na Palestina, uma rua com duas casas iguais, uma casa em cada extremidade da pequena rua. Ao caminhar e conversar com a freira de meia idade um tanto gordinha, vejo que muitas outras casas do mesmo padrão (dois pisos, pequenas e quadradas) que as duas já existentes estão em fase de fundação para serem construídas. De repente, gritos, telhas voando, sendo arremessadas em nossa direção e em outras direções também. Telhas, cacos, pedaços de madeiras... Um grupo de manifestantes que seriam os trabalhadores da construção civil, os construtores das casas. Muitos gritos, falaçadas, protestos, palavrões, pedras arremessadas! Aproximo-me, a freira desaparece, e um jovem colega, um estudante fica ao meu lado, eu o conheço no sonho mas não sei seu nome e nunca o tinha visto. Vamos conversar com o grupo, tentamos dialogar com dois homens de aparência rude, grosseiros, brigões, não há uma disposição de tratar de ideias, só ofensas e protestos raivosos. Um deles, mais feio, mais rude, mais sujo... Sem educação nenhuma ofende-me de maneira sexual, fingindo me acariciar, eu perco totalmente a paciência e falo que eles são um caso perdido, eles estavam na situação péssima que estavam não somente por culta de patrões ou do capitalismo, mas, por serem como são, desprezadores do estudo, do diálogo e da educação. Mais pedras, mais telhas, mais pedaços de madeira... Eu e meu colega fugimos do local, vamos caminhando para outra rua e nos distanciamos dos protestos. Ao caminhar, chegamos em um local onde havia jornais expostos para serem vendidos e recortes de jornais em um mural, ao lado, um espelho. Eu não acreditava no que estava vendo, perplexo, confuso perguntei ao colega conhecido mas que não era conhecido:
"Em qual ano estamos?"
Ele responde:
"Em 1992! Mas por quê esta pergunta agora?"
Eu, com os olhos marejados, olhando fixamente para ele falo:
"Eu não sou deste lugar nem deste tempo!
Eu tenho 41 anos e moro no Brasil, vivo em 2015, sou casado, tenho um filho!"
Olho no espelho ao lado do mural de jornais e digo:
"Eu não tenho mais este rosto! Sou mais velho!"
O colega atônito e descrente, com semblante preocupado, dita:
"Você esta falando de forma descontrolada e louca! Como você pode provar o quê esta falando?"
Eu respondo:
"Existe outra coisa que está fora deste lugar e tempo, olhe!"
Coloco a mão no bolço da calça e retiro meu celular, mostro para ele, e maravilhado e deslumbrado fixa os olhos no aparelho..."
Falo que não estou louco, que estou ali mas sou de outro tempo, outro lugar, outra época... Falo de minha vida verdadeira, falo de uma outra realidade... Ele exclama:
"Muita loucura isto, precisamos falar com os outros, é de mais, essas informações ou revelações, não sei... Precisamos falar com os outros! Vamos... Está quase começando o encontro de jovens estudantes..."
Nos reunimos com mais outros três colegas, em uma mesa, é uma lanchonete dentro de uma praça de alimentação, um festival, um encontro de jovens ocorre no lugar. Eu falo sobre várias coisas fora do tempo deles, vai passando de mão em mão o celular com câmera de fotografia e vídeos, ficam perguntando sem parar... Eu falo sobre o plano econômico do Brasil, o Plano Real, massacres e guerras, sobre a virada do milênio, que o famoso bug do Milênio (não ocorreria), os atentados de 11 de Setembro no Word Trad Center nos Estados Unidos, sobre o besteirol de Nostradamus, tantas coisas... Aqueles quatro jovens que eu parecia conhecer mas não conhecia, escutavam-me, atônitos, deslumbrados, e eu, como se estivesse pregando em uma igreja, proclamava o que estava "fora" do tempo deles. E, ali perto de nosso grupo, a festa acontecia, moças dançavam, jovens comiam lanches prontos, tudo ocorria como era para ocorrer, supostamente... E, eu ali, buscava em minha memória dados, informações sobre o futuro deles que já era o meu passado, pensava também na minha vida de um presente que estava em outro tempo... Mas, em um gesto mais exagerado do discurso (as vezes falo com as mãos) acordo! Sim acordo! Abro os olhos, estou no "meu presente" no "meu tempo" com a minha barriga maior, minhas rugas, minha barba por fazer e meus cabelos, com toques de grisalho, estou "aqui" novamente... Mas ao acordar do sonho tenho um desejo estranho, um desejo de dormir e voltar, falar mais com eles, explicar mais, conhecer eles, mas é tarde, ouço meu filhinho chamando:
"Pai! Pai! Acorda!"
Barulhos, a televisão ligada, carros, buzinas, minha esposa no quarto, é a vida real, o sonho foi mais um sonho, um mundo, uma realidade paralela que nossa mente projeta e ajuda, e muito, a encantar a vida...
Fim...
Mas, continua...
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