A VICTORIA COLONNA

Não sei que ha de divino, força é crêl-o
    N'esses teus olhos d'uma luz tão pura
    Que, ao vêl-os, tive logo por segura
    Aquella paz que é meu constante anhelo.

    Filha de Deus, nossa alma aspira a vêl-o;
    Desprezando caduca formosura,
    Ella, em seu giro eterno, só procura
    A fórma, o typo universal do bello.

    Não póde amar, não deve, uma alma casta
    Fugaz belleza, graça transitoria,
    Coisa que o tempo leva, o tempo gasta.

    Nem tambem alma digna de memoria
    Póde amar o prazer, que o bruto arrasta,
    Em vez do puro amor--sombra da gloria.

                               MIGUEL-ANGELO.

Coimbra.

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