Vida paulistana

Saiu da casa dos pais, mas percebeu em pouco tempo o caos da vida adulta. A infância balsamada por doces, amigos e brinquedos infelizmente se perdeu. Disseram que se lutarmos muitos, podemos ter tudo o que queremos; chega a ser cômico, ele conclui. É mais sobre influência e egocentrismo.

Andando pelas ruas de São Paulo olha o ar carregado de sofrimento. O céu cinzento além de sufocar os pulmões, sufoca nossa resiliência. O brinquedinho favorito do homem começa a se esgotar, grande parte vai para as contas. Ele começa a se preocupar com seu dinheiro, não tem como sustentar sua vida simples em um local assim. Comendo comidas instantâneas, seu estômago ronca com o desespero iminente: os recursos escassos. Janta medo e bebe desassossego.

Espalha como santinhos de políticos o seu currículo a toda oportunidade. Algumas entrevistas de emprego ele consegue ir: ‘’retornaremos com a resposta em breve. Tenha um bom dia’’, sentença ecoada em sua mente tantas vezes que já se tornara um vinil arranhado.  

Conhecendo pessoas das mais diversas personalidades, recorre um padrão dialogando com elas: o pessimismo. A maioria vem de uma rudeza amargura quando falam com um novo morador. São realistas e dizem que o caminho em São Paulo será difícil. Apesar de trivialmente trocar prosas com gente aleatória, amigos já não há.

Com fome seja de crescer na vida ou literal, amigos dá infância que sumiram no tempo e o dinheiro tão venerado e já exaurido, entendeu a péssima ideia da massa de querer ser independente a todo custo.

 

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