A volumetria do silêncio

Atónito perdeu-se o dia embebido num pavio
De solidão ardendo, ardendo tão coibida pois
Tamanha é esta desmazelada esperança displicente e intuitiva
 
Redesenho nossas inquietudes lavradas num mar de lamentos
Amedrontados sempre, sempre impassíveis e contristados
Abocanhando a tristeza indiferente inamovível e manietada
 
Isolado numa ilha de escuridões quase perpétuas mutilo a noite
Cruel defenestrando toda a luz elegível deixando a rastejante
Solidão alimentando a volumetria deste silêncio em reclusão
 
O toque da luz salpicante e luminescente acorda o dia
Escaldando numa sofreguidão quase irresistível e convincente
Calando aquelas transeuntes carícias que sacio tão delinquente
 
E assim planam meus sossegos em cada instinto efervescente
Impregnando uma onda de beijos contagiantes, quase dementes
Gemendo, gemendo naquela gargalhada, digital, atrevida e seducente
 
Para lá do inalcançável horizonte acalmo os ventos rasgando
As sobrancelhas do tempo aquiescendo o pestanejar dos
Prazeres degustados nesta exilada brisa que chega pra nos cortejar
 
FC
Género: