Vulto de esquina

E surgiu me de repente, como todas as ideias revolucionárias.

 

Levantei me do sofá e corri, corri em direção à janela.
Minhas pernas estavam mais poderosas que de costume, pareciam com um vigor juvenil, daqueles arranques que se dá pra alcançar o atacante e defender sua zaga.
Até lembrei por um instante que comecei a andar cedo, talvez por isso todo este vigor.
O impacto é menor do que eu pensava, pensei um dia se teria coragem de quebrar um vidro a porradas pra salvar alguém, a impressão é que eu me cortaria todo...e não, atravesso fácil às custas de um nariz quebrado talvez, não vou poder fazer um raio x pra confirmar.
Giro em meu próprio eixo pra ver o estrago que fiz, os reflexos dos cacos são menos poéticos do que nos filmes em "bullet time", mesmo assim são poéticos, brilham como pedras no fundo de ribeirão.
Ah...é você agora. 
Amiga de Newton, grande diva do universo, é um confronto bom agora...o buraco negro do meu coração consegue sugar mais luz do que você consegue obter das suas galáxias - em meu peito a singularidade tem uma conotação mais precisa ainda.
E lá vou eu, o frio na barriga não é maior do que a que proporciona um "chapéu mexicano".
Quanto tempo pra descer 7 andares, alguns segundos?
Ver a vida inteira? Não...vou ver a paisagem que daqui agora se amplia mais, e que é uma merda também.
Bem, agora vem a parte chata, o som rude, súbito e abafado, o susto nas pessoas, o gemido das ambulâncias, o muxoxo na boca de transeuntes apressados...um momento fugaz na história do bairro.
Droga, deixei meu bule de café no fogo!
 
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