Palhaços

Qual é a face humana que realmente se mostra?

Aquela que se escancara em um fingido sorriso?

Ou aquela outra que se enruga em profundo ciso?

Qual merece crédito quando na face se prostra?

 

Sim, porque se escondemos a nossa dor nas risadas

Apenas para que de nossa dor ninguém mais saiba

Também escondemos  a alegria para que não caiba

O escárnio e a indiferença de canalhas disfarçadas.

 

Ri coração, escarnece de ti mesmo, triste palhaço

E tira, inda que seja à força, de sua fria mônada

O esdrúxulo e oco som de uma risada incômoda

Perfeita fermata para esse teu previsível fracasso.

 

Sufoca a lágrima, ri pois, e friamente comemora

Os definitivos enganos que vida à fio cometestes

E tenta, na vida que ainda tens, erros como estes

Não mais comete-los doravante, à partir de agora.

 

E na vida somos todos em algum momento palhaços

Que fingem e põem nas suas maquiadas faces, traços

De suas emoções invertidas, tais palhaços que somos;

 

E vezes, quando expomos um maquiado sorriso na cara

Na verdade estamos maquiando uma dor que não sara

E o sorriso é a maquiagem da lágrima que não choramos

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Comentários

Mas, num mundo que é mais virtual que real,

como sermos nós mesmos para os outros?

E será que o somos para nós mesmos?

Será que queremos a nossa verdade

Ou preferimos nossas máscaras?

É o mundo, é a vida...

ADEMIR LEÃO's picture

Pois é, Rodrigo. Creio que, em algum momento, a gente sorriu quando o que queria mesmo era chorar. E chorar com franqueza, com honestidade. Sabe lavar a face e a alma? Pois é. Mas as conveniências da vida não nos deixam fazer isso. Faz parte.

 

Abraço.

Ademir Leão