Carioca é Crônico
Vamos trocar apontamentos sobre o outro lado do mar?
Vamos.
O Brasil não é um país. São vários.
O Rio de Janeiro não é uma cidade, é um jovem século de pedra imposto à natureza. Uma tentativa de civilização.
Foi o português que se apaixonou pelo por este País, que o libertou do jugo colonizador que ele próprio representava. Ou seja, um português expulsou os seus próprios conterrâneos exploradores do Brasil. Quem acha que ele foi um traidor ponha o dedo no ar e saia da sala sem fazer barulho.
A conquista não tem nada de histórico, ela é simplesmente o desejo de tomar posse, o surto instintivo do animal predador, voraz, do tipo canibal na hora de almoço diplomata.
Já a exploração tem remédio santo: ‘’Independência ou morte’’
O governador mandava vir o marisco da Paraíba para vender na zona sul, enquanto isso, o Marquês de Maricá assobiava, foi ele que ensinou uma data de gente a assobiar.
‘’A virtude é comunicável, mas o vício, contagioso’’
Aqui a hora é malandra e o carioca é crônico.
O futuro foi agora’’.
O rio é um nego magrinho.
Gonzaguinha ou Cartola
Quem és tu?
Perguntava eu ao maciço da Tijuca.
Quem és tu Praça Mauá?
Quem és tu Ipanema e Leblon?
Quem és tu Presidente Vargas?
A saudade bate,
Por vezes espanca
A saudade dança,
Quando por vezes quer voltar.
Zouk é um tango corpo a corpo, um bolero crioulo, enfim. O brasileiro improvisa, adapta. Não está a juntar dinheiro para ir sonhar, como todos nós.
‘Ai de ti Copacabana’!
Já falamos sobre a crise de identidade, agora reflitamos sobre a crise de representatividade por gentileza. Ah sim, a crise vem muito antes da economia.
O gigante acordou dirá a nova vaga aburguesada.
O mesmo burguês diz: A burguesia fede, a burguesia quer fica rica, enquanto houver burguesia, não vai haver poesia. Vamos prá rua!
Várias frases, gritos do Ipiranga, vão surgindo. Até já tenho uma preferida:
- Amanhã vai ser maior!
Sejamos sinceros, há quem não tenha tempo nem condições para se manifestar. Simplesmente porque trabalha para comer. Simplesmente porque cresceu a custo e a sobreviver precisa de continuar.
Raramente uso tanto ponto de exclamação, mas ‘o bagulho aqui tá sério’!
Prioridades?
Corrupção: Aprovar a Clausula de Barreira e a PEC 208-08.
O combate à criminalidade deve começar pelo topo da cadeia. Sem comando a tropa colapsa.
Educação: Ensino público gratuito com transportes GRATUITOS! Para que a igualdade de oportunidades e acesso ao mercado de trabalho aconteça independentemente do extrato bancário. Actualmente estima-se que 5% do PIB seja dedicado à educação. Se juntarmos a isto os royalties do petróleo encontramos seguramente um dos países que mais investe na educação. Ora dinheiro público mal empregue gera desperdício.
Saúde: Médicos nas unidades de saúde públicas. Organizar as UPAS de forma ter capacidade de resposta às zonas mais carenciadas. Implica entre outras coisas, uma senhora de idade com uma condição ortopédica que dificulta o andar, não ser obrigada a percorrer 200 km em 3 transportes públicos, em que se não morrer é uma sorte.
Qualquer semelhança entre o meu exagero e a realidade é pura coincidência.
Resumindo, nada na alçada pública, deverá ficar dependente de milagres.
Não se faça confusão, existe uma pobreza quase irrecuperável. A que virou rotina.
Fomos treinados pelo Pavlov, a ponderar as consequências das nossas acções.
Entretanto em Portugal, quando as manifestações recomeçaram, ouvia dizer que éramos a geração mais educada de sempre, querendo provavelmente com isto dizer, que somos todos muito instruídos... Que sabemos o que estamos a pedir e porquê, há quem saiba até como!
Nunca convivi de tão perto com tanta instrução analfabeta!
Vamos fazer apostas sobre alternativas institucionais?
Sejamos honestos, não é viável colocar toda a gente a pensar em boa consciência, o rumo que uma nação deve seguir. No entanto, mesmo que se escolha meia dúzia de cidadãos para pensar por nós, é preciso saber escolher. É preciso saber votar.
Já se perguntaram por que o voto é obrigatório no Brasil?
A revolução francesa de 68 exigia o impossível, muitos Maios depois, estamos a exigir o mínimo e indispensável.
Na nobreza era tudo ‘meninos de corte’, comparados com esta amostra de democracia prostituída. Gosto com alguma freqüência de salientar que o voto tornou-se um gesto simbólico. Parecido com acender uma vela ao saudoso falecido. Quando me dizem que vão votar em branco então, vêm-me as lágrimas aos olhos
Claro que podíamos fazer tudo isto em Portugal, não fosse o irmão mais velho ter caído na antiguidade.
‘’Sejam Revolucionários!’’
Volta Francisco que a igreja está perdoada.
Entre missionários e jovens empresários a manifestação de fé continua comovente.
Demorou D. Pedro!
Só falta o Brasil ser independente.
Comentários
Madalena
Sáb, 07/09/2013 - 15:17
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p/João Revolução...O BRASIL
p/João Revolução...O BRASIL CONTINUA ESCRAVO! D. PEDRO GRITOU: INDEPENDÊNCIA OU MORTE? A RESPOSTA FOI: MORTE! PORQUE AS DROGAS, CORRUPÇÃO ESTÁ TRAZENDO...MORTES E MORTES!
PARABÉNS!
BEM REAL ESTE POEMA!
João Revolução
Dom, 08/09/2013 - 00:04
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Muito obrigado pelo seu
Muito obrigado pelo seu comentário Madalena! Sem dúvida, cada vez é mais claro o preço da suposta independência.