O CASAMENTO DA LUA

Em uma noite profunda e tenebrosa
nos braços do desvario,
o pobre moço co`a alma suspirosa
olhou p`ro céu e sorriu.

Após anos namorando os vagos passos
de sua noiva silente,
ele queria unir-se com fortes laços
à lua lucipotente.

Tremia muito em seu peito delirante
o coração cheio d`ânsia;
e ele esperava aquele festivo instante,
qual um presente na infância.

O negro céu era o altar; a cerimônia
da noite na sala escura
tinha sua mãe numa chorosa insônia,
por sua triste loucura.

Tinha um tapete de estrelas prediletas
p`ra noiva ali desfilar;
as cantigas dos inúmeros poetas,
e a brisa fresca a soprar.

Ela surgiu em meio às trevas sombrias
com nebuloso vestido,
um buquê que era do mar as ardentias,
um olhar arrependido.

Caminhando sobre os perfumados ares,
por sombras celestiais,
a lua ouviu lá dos altos patamares
de seu noivo os meigos "ais".

Derramou uma lágrima cristalina,
antes da celebração,
e o moço lamentando sua acre sina,
da mudez ouviu um "não".

Ocultando-se em uma nuvem errante
desculpou-se p`los engodos;
não podia casar-se com seu amante,
porque a lua... ela é de todos.

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Comentários

Ola grande poeta;

Que belo poema de versos intensos que prende o leitor até o fim. Lembra uma ópera bem poética edramática,de grande beleza. Cada verso dá pra imaginara cena. Adorei.

Abraços

Vera Helena