Regresso ás aulas ( recordar é viver)

Lembro com tanta saudade,
o meu tempo de estudante,
dos cadernos personalizados,
e dos livros forrados a papel autocolante...
Lembro do cheiro de Outono,
que do meio das páginas saltava,
quando com pressa desfolhava,
o futuro que neles espreitava...
Lembro do entusiasmo,
do nervoso miudinho,
que era o meu companheiro,
quando me punha a caminho...
Recordo o amontoado de cadernos,
que carregava nos meus braços,
que dificultava e muito,
a troca frenética de abraços...

Lembro de todos os sorrisos,
que me esperavam ao portão,
sorrisos dos meus amigos,
companheiros de profissão...
Que saudades das loucuras,
vividas atrás da escola,
que entre uma palavra e outra,
lá ia uma asneirola...
Gargalhadas ensurdecedoras,
fazíam-nos passar por loucos,
lá vinham depois os sermões,
aos quais fazíamos ouvidos moucos...

Que saudades dos apontamentos,
feitos já meio a dormir,
para tirar duvidas a todos,
que me as viessem pedir...
Fui respeitada por todos,
porque a todos respeitei,
embora quando em desacordo,
era teimosa que só eu sei...
Lembro dos rostos desassossegados,
esperando soluções,
lembro do meu empenho,
de acalmar aqueles corações...

Fui delegada de turma,
em todos os anos que frequentei,
todos tinham em mim confiança,
confiança que sempre lhes dei...
Que saudade boa esta que tenho,
fui tão feliz e sabia,
a minha vida era naquela altura,
um quadro de pura alegria...
Lembro das aulas de educação física,
e da saudável competição,
que nos fazia bem ao corpo,
e nos aquecia o coração...
Saltos e pinotes,
fintas e acrobacias,
fazíamos dos pavilhões,
palco de plenas orgias...

Recordo os namoricos,
para os quais pouca paciência tive,
naquela altura eu gostava,
era mesmo de ser livre...
Porem guardo ainda hoje,
todos os manuscritos de Amor,
que fui colecionando,
sem nunca lhes ter dado valor...
Hoje, olho para eles,
com tanto carinho e ternura,
porque são testemunhos fieis,
de toda a minha loucura...
Que tempo bom esse,
que só nos era obrigatória sonhar,
porque o resto ia-se fazendo,
durante o ano escolar...
Sonhei tanto ou tão pouco,
que voei tantas vezes daquelas carteiras,
para bem longe de mim,
num mundo em que não havia fronteiras...

Que saudades meu Deus,
dos meus tempos de adolescente,
eu falava e sorria,
para tudo o que era gente...
Sempre fui muito dona,
do meu próprio nariz,
embora respeitasse as regras,
fiz sempre o realmente quis...
Sabia viver,
Ó como eu sabia,
nada nem coisa nenhuma,
limitavam a minha alegria...
Tenho tantas mas tantas saudades,
daquelas paredes com cheiro a giz,
que me deram sabedoria,
e onde fui muito feliz...

*** Ártemis ***

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Comentários

Gostei do poema e da carga saudosista que o mesmo transporta!

Cumprimentos,

 

Ártemis... Filha linda, seu regresso seja bem vindo em tudo!

Abraços!!!