Desilusão

Sozinha

 

SOZINHA

A porta meio fechada,

Uma esperança estúpida brinca com o pensamento.

O que não quer pensar, mas é inevitável.

Em sua cabeça, pensa talvez o impossível

Mas o amor não sai, não vai

Ele dramatiza os dias, cheirando a bebida

Seus olhos se encontram novamente; ele com outros como ele...

Ela, irremediavelmente, sozinha...
Ele iludido sem pensar, sem desejo de cura

Ela diz para si mesma; é o amor

QUANDO SE INSTALA

Quando se instala a saudade
Na memória de quem vive aprisionado 
Sem saber se é mentira ou verdade 
Que se despede com um adeus 
No silêncio das palavras com gritos
De dor mudas nas amargas cores
Com o vento cheio de margaridas
Ficou só o sofrimento de um amor
Perdido esquecido pelo tempo.

VOU CAMINHAR

Vou caminhar entre as pedras
Tentando me livrar da depressão
Empurrando sem me sentir presa
Atada nun fio de cansaço meu
Esquecendo as tristezas no peito
Escrevendo palavras na alma
Para cortar as dores dos sonhos
Nus canteiros que esperam florir
Bordados com  tanta esperança
Nas letras que a morte espera
Bebo da fonte a inspiração divina
Para caminhar entre as pedras frias
Pintando a tela perfeita em palavras

Entardecer

A luz desvanece lentamente sobre os campos do meu Mondego, o Sol diz-me adeus sem que eu acredite no dia de amanhã.

Eu que em menino acreditei em florestas encantadas e em cavalos voadores… não acredito em mais nada, não sei mais de mim.

Resta-me imaginar coisas que já esqueci e escrever em cima de horas suspensas pela luz do entardecer.

Falo de saudades que se desvanecem como se desvanece a luz que percorre os campos de arroz até se apagar por completo no mar da Figueira.

Minuto

Minuto, após instante,
o depois, o agora, o antes,
perdem-se na insignificância de um sentir,
o ficar, o ir, o partir, dormência ausência,
sonho fusão, onde tudo se perde e acha,
numa ilusão.
Num voo perdido, o rasgo das asas,
temor em escuridão, onde o dia se acorrenta,
em cego grilhão.
Coração que bate, em cristais de gelo,
pautando o desnudo, dum eterno selo.
Renasço para morrer,
e suavemente pauto o silêncio,
num vislumbre de um novo ser.
Noz que quebra, que respira,
que pressente a semente,

Assim sou eu

Procuro no passado,
a dor da tua presença,
do doce amargo, de um desejo,
desejado e agora acabado.
Promessa, maldição,
foram as tuas palavras,
no meu coração,
foi amor, entrega, um sim na eternidade,
que quebrou,
na saudade.
Em ti me perdi,
em ti, fiz abismo sem fundo,
onde apenas um destino,
era uno.
Enlaço os lábios,
mas não faço sorrir
toldo um viver, num embuste de um sentir,
sou um desconhecido,
num sonho perdido;
lágrimas secas, amor dormente,

Pingo ausente

Solto-me e um silencio quebra,
num arrepio de solidão,
que embate e perfura o coração.
São tantas as linhas quebradas, apagadas,
que já não conheço leme,
para reescrever, o sentido certo,
dum mapa há muito perdido.
Risco, deixo o rascunho,
reescrevo, e nada se cria,
apenas uma empatia, ligeira e superficial,
de que o amanhã será real.
Pouco a pouco, caio, num cair de não mais subir,
numa inconsciência, de sonhar presença,
e esvoaço, tomo o enlaço. toma a bandeira,

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