Esboços de Abril
Autor: Machado on Monday, 4 May 2015Esboços de Abril
Esboços de Abril
A ferida as vezes sangra.
Chagas abertas purulentas
Infectadas de lembranças
A ferida sangra.
A ferida passa horas e horas doendo
A dor vai aos poucos corroendo
Não tem luz, nao tem brilho, não tem alma
E a muito, muito tempo nao se acalma!
A ferida vai sangrando pouco a pouco
Acabou-se a confiança e o amor louco
E as traições que foram tantas
Hoje vive e atormenta outros sonhos!
Não existe mais futuro, só passado
Nem aquilo que lutamos lado a lado
Pesadelos são vividos acordados
Olhamos e não vemos
Olhamos para as coisas e não vemos,
o que fomos, o que somos e por fim,
recordamos que não somos bem assim,
pois julgamos sentir o que não temos.
E se alguém nos pede com carinho,
algo mais do que podemos dar,
sentimos que as pedras do caminho,
"" Apenas mais um na multidão
Apenas uma vida
Nessa avenida
De desilusão
Apenas um amor a chorar
Apenas uma alma a levitar
Sorriso de criança
Como é lindo o sorriso de criança,
Como é terno o seu abraço apertado.
Vivo distante de mim
Num outro tempo.
É o pouco que nos une.
Um grande país de loucos
somos nós os filhos muitos
somos tantos portugueses
somos tantos tontos
e tão poucos loucos.
E a carne no assadouro
na fogueira das vaidades,
e poucos pagantes fregueses.
Haja quem nos pague
os poucos!
Há sempre quem nos gaste
os porcos!
E a carne ao lume que arde
dos loucos!
São tantas as vezes que arde
a carne!
E a dor que vem tão tarde.
quase sempre,
somos tão poucos às vezes,
porque somos tantos?