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OS PROFANOS DO TEMPO

(Extrato do romance "Os Profanos do Tempo")

Nunca o peso de uma vitória tinha sido tão pesada. Esmagados pela força das circunstâncias, cavalgaram o silêncio, fazendo o regresso sem uma palavra.
Sem a mínima ideia do que tinha acontecido o povo celta apenas sabia que o exército romano tinha perecido pela ira dos deuses. A crença foi ganhando corpo, alimentada por cânticos e odes ao sobrenatural:

De distantíssimos espaços, troa
Um gongo sulfúreo o trovão.
Sobre vales fumegantes o pó voa
Perscrutando em vão o sinal da razão

Um tempo que virá

Um tempo que virá

 

Quem sabe haverá música nas ruas, talvez pessoas dancem
Deverá ser tempo bom, comida farta, florestas vivas
Crianças sorriam, corram, divirtam-se soltas, livres, felizes
Pessoas se respeitem, se ajudem, se amem,  se cuidem
Que seja quando a civilização acabar, alguém restará
Recomeçará nova humanidade, um novo mundo, no novo tempo
Haverá esse tempo, ele está por vir, é um tempo que virá

Charles Silva

Sala de Espera

Sala de Espera

 

Ando por ai nas pontes aéreas da vida, em cada aeroporto há certezas, oportunidades e perigos. Salas de espera onde ninguém te dirige a palavra, rostos endoidecidos pela adrenalina necessária para a ocasião. Abre-se um portão, uma fila se forma. Na cara da fila vê-se que no peito há uma angústia, misturada com a certeza de contar com a sorte, de que o seu avião vai pousar. Mas lá, no outro aeroporto, também haverá outra sala de espera.

Charles Silva

Salto Grande

Salto Grande

 

Me dou de forma cautelosa ao futuro, sempre medindo meus passos, coordeno-os para calcular um salto, mas um salto grande.

Saltos coordenados são sempre maiores que saltos em velocidade, são mais precisos, e sei exatamente onde vou estar depois do salto.

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