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À IGREJA DA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, EM CAMPINAS

Salvo meus passos silentes
Pilhando ao léu suas escadas
Em busca dos penitentes
Tão frementes,
Tão frementes junto ao nada.

O nada eu via defronte
Aquele pórtico belo,
Mas surgia em minha fronte
Uma ponte
Uma ponte de desvelo.

E, sobre a fé eu andava,
Adentrando o alvor latente,
Meu silêncio qual aldrava,
lá chamava
lá chamava o onipotente.

Eu ressurgia do fosso
Ajoelhado no altar,
Prostrando ao chão meu pescoço
De remorso,
De remorso a murmurar.

Deuses

deuses brincam
envoltos em linho branco
 
o carrocel gira vertiginosamente
no eterno mundo humano
 
e gira
até ao zero
ao infinito
 
o omnipresente observa
 
então os deuses,
na sua sabedoria intemporal
limitam-nos
nas nossas acções . palavras . pensamentos . emoções
 
e continuam a brincar
rindo desesperadamente

Nem te conto

Nem te conto

 

Mas eu tenho uma novidade pra contar bombástica, aposto que muita gente vai ficar de queixo caído. Depois dessa muita coisa vai mudar, quem viver verá. Afinal não é todo dia que aparece uma novidade dessas, e sendo uma novidade tão boa assim dá vontade de espalhar pro mundo todo. Quando vocês souberem verão que eu tenho razão, mas por hora, nem te conto.

 

SAUDADE

escrevi no céu
a palavra saudade
esqueci-me que não era um sentimento só meu
mas sim algo que se sente de verdade..
desenhei com a ajuda das estrelas
um eterno abraço
recordando quem está perto delas
mas só à distancia de um passo
do meu pobre e dorido coração...
quis fazer um hino ao amor
mas fiquei muda, com a emoção
porque em mim só existia a dor
que era alimentada pela recordação...
fechei os olhos e senti
que a saudade estava ali tão perto
de repente até me esqueci

REDE GLOBO

REDE GLOBO

 

Parece que a minha alma não cabe em mim, eu sinto isso e não é de hoje. Meu estômago é maior do que eu. Minhas ambições não são particulares, nem tenho um sonho só pra mim. Não consigo ver gente que gasta 10 milhões numa pedra de diamante, numa propaganda na TV, enquanto eu vejo crianças nos lixões. Eu não consigo sentir a mim apenas, sinto a mim e mais uma nação.

 

Ao Cais

Ao Cais

Quase toda tarde eu vou ao cais. Pra nada, pra ver os barcos, contemplar, meditar, limpar a mente do barulho das ruas. Há tantas histórias no cais. Barcos que nunca saíram do cais, barcos que nunca voltaram. Histórias de pescadores, cheiro de peixe, maresia, barcos fantasma que rondam o cais de madrugada.

O cais é um lugar peculiar, frequentado por gente sem identidade, sem rótulo, sem amarras, sem âncoras. Compositores, escritores, músicos, poetas, marinheiros, o engravatado que comprou seu primeiro barco. Madames que morrem de medo de água e não sabem nadar, nem confiam nos coletes salva vidas.

Há uma atmosfera incrível no cais, um misto de assombroso e sereno. O cais é um lugar perfeito pra quem tem uma mente tranquila, mas tem a alma explosiva.
 

Charles Silva - Textos

 

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