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DESEJO ABAFADO

DESEJO ABAFADO

 

Que posso dizer neste presente,

Mesmo ao seu lado, você ausente,

Neste sentimento calado,

Que você tornou-se abafado.

A falta é grande e imatura,

A saudade é longa e tediosa,

Preciso de você em minha cultura,

Pois, coração é fera gananciosa.

Vagarosamente você se afasta,

O NADA.

O NADA.

Somos capazes de tudo,

De tudo não sai nada,

E seguimos nessa salada,

Sendo a vida jornada.

Tudo é vida e nada,

Amantes somos da fada,

Vivemos de ilusões,

E, morremos como nada.

Caminhamos e pensamos,

Ao encontro dessa fada,

Passam-se vários anos,

E deparamos com o nada.

Somos da vida um terror,

Do nada apareceu o horror,

Convivendo no sagrado amor,

E revivendo sem dor.

Autor: Roberto Mello (Dodô).

Ultramar

No Ultramar,
 o diabo ronda sem parar,
 anseia pela juventude que navega
 Para ser adulta e talvez ali ficar,
 no chão que de vermelho se carrega

Boinas a tiracolo das armas à desfilada
 Mães órfãs de frutos ainda verdes saudosos
 Como uma Nação pode ser tão ousada
 Lutando por nada e por tudo, orgulhosos

Esquecendo que na alma pesada, corre chumbo de dor,
 Que os envoltos dos tubos, eram gatilhos frementes
 Onde os olhares se afundavam no negro do tambor
 Os dedos, aços que carregavam o odio, tementes

No meu tempo

No meu tempo era melhor
Os risos não tinham pedras chapinhadas
O cinismo era curável e a vergonha era vermelha
No corado que nos prendia ao som do desculpe

No meu tempo brincávamos
Na pobreza de calças rotas
Que chutava pés descalços
Em bolas de papeis e sacos
Sem logotipos degradáveis

O leite trazia cheiro de vacas em bilhas
Em motas velhas como o condutor
e sempre se fervia o humor dele
para a doença não nos pasteurizar

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