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Diálogo com Fernando Pessoa

Diálogo com Fernando Pessoa

 

Mote

Quanto do sal que há no mar

São lágrimas de Portugal?

 

Voltas

Pessoa li o teu versar

Da quantidade de sal

Que há nas águas do mar.

Um pouco era natural

Um pouco era lacrimejar

Era dor, saudade e tal.

Quanto do sal que há no mar

São lágrimas de Portugal?

 

Porque é preciso lembrar

Do negro a chorar na nau.

Da viúva em pranto a fitar

Seu homem arrancado do local.

Podemos então concordar

Nesta questão crucial

liberdade

 
Gotas de água
atravessam-nos
como setas
cães raivosos perseguem-nos
 
É tempo de viver
 
Revolução
 
Um ideal
 
Música
Prazer
Dor
Excessos
 
Um passado
Um tempo já sem vida
 
Uma imagem
de uma flor
 
Uma ideia
Uma só verdade
 
Uma só palavra

o castelo

Meia-noite, lá fora, sob um céu púrpura, o mocho pia à lua cheia. No castelo, uma porta de pinho, cujo verniz pereceu ao avançar das eras, range como quem chora por uma juventude consumida, e uma voz cavernosa diz:
 

Algoritmo Incompleto

Algoritmo Incompleto

- :início
Se sair na noite para encontrar (variável = A)
.....Procuro encontrar em (variável = B)
Se não encontrar
.....Ligar para (variável = C)
Se encontrar
.....Vou (variável = Y)
Se não
.....Voltar para (variável = X)
- :Fim

variáveis
A = moça bonita
B = bares
C = telefone
Y = correndo
X = :início

felicidade

Sinto-me leve, livre
como um pássaro que voa
em busca da liberdade...
não sou de ninguém
não tenho lugar de origem,
de partida ou de chegada.
Sei que sou livre, livre...
como uma borboleta
que poisa de flor em flor
em busca do pólen
que lhe dá vida e força.
Sou eu, e ninguém mais para além de mim;
sou eu, com defeitos e virtudes;
vivo e deixo viver,
para amar e ser amado.

epidemia

Vivo num castelo
último andar de uma torre
janela
homens armados com bíblias
praguejam
e tentam alcançar a cidadela
doença
fome
epidemia
bandeiras ensanguentadas
hasteadas do portão principal
têm içadas o perdão
de facto é uma loucura
está tudo bem
até agora.
No alto das colinas
crianças
estão apenas a uma bala de distância
sem abrigo

meditei

Ontem, também eu, sentado num penhasco perto das águas do oceano, murmurava palavras de tristeza.
E meditei...
Que talvez um dia bem inesperado, encontre o rumo da minha vida, tal como a flor que nasce nos primeiros dias de primavera...e assim adormeci à beira-mar vendo o pôr do sol, e sonhando que um dia serei feliz.
 

Heroico

Heroico

                    I

Andar na rua, no vento

Sustentar o sorriso é vida,

No heroico viver há solidão

Da vida e da canção...

Sem rimas vou poetar a vida,

Sem métrica, somente há palavras...

Recordarei meu início nesse verso,

Para atinar meu fim no papel,

Começarei no final, sim no final!

Para então fenecer no começo...

                    II

Não mo importa a dor,

Simplesmente ela é sentido!

E o sentido nada mais é...

Inexpugnável! Portanto nulo!

A Pegada

A Pegada

Todo mundo sabe beijar, cheirar
Todo mundo sabe falar besteirinhas no ouvido
Todo mundo sabe subir e descer no ato
Todo mundo sabe sincronizar aquele entrar e sair
Todo mundo sabe usar o tato e/ou a língua
Mas aquela pegada, nem todo mundo

 

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