Geral

lágrima

Lá bem no fundo, no escuro; o tédio, a mágoa e uma tristeza de sonhos irrealizáveis. Sonhos esses impossíveis de esquecer e por quem existe sempre uma profunda e verdadeira lágrima. Porque será que apenas nos apercebemos do verdadeiro valor do que possuímos somente quando o perdemos.
 

O escalar

Por mais palavras proferidas
Por mais vozes altas ecoadas
Nada seca as fundas feridas
criadas por línguas afiadas

Nada bloqueia a maldade
A agressão por palavras
Que violam a mentalidade
e fazem das ações, escravas

A cobardia de bater
Parte primeiro de gritar
Do falar para enfurecer
Antes de tudo desgraçar

Doméstico apenas o nome
Pois é violência descarada
De quem usa o cognome
“Covarde de mão fechada”

O Velho e eu velho

Quis fugir do destino
Escondendo-me opaco
Na alma de um menino
Mas o velho é macaco!

Sabotei o tempo imuto
Com bombas de ilusão
Mas o velho é astuto!
E atirou-me a desilusão

Cortei amarras ao mundo
Tentando fluir na maré
O velho viu-me do fundo
Puxou-me, perdi o meu pé

Estava quase afogado
Cheio de fel borbulhando
Mas o velho é danado!
E fez-me viver chorando

quimera

Corpos moribundos arrastam-se por entre as sombras de débeis humanos, raios de sol atravessam cérebros putrificados pelo perecer das eras. O caos havia chegado, campos arrasados, mostravam-se nus e tristes, mas tudo isto é uma quimera e a felicidade manter-se-á eterna.
 

há dias assim

. . . e o de hoje foi um deles.
Não sei como me sinto, nem o que sinto.
Talvez um vazio frio.
Olho a rua lá fora, fria, vazia, desprovida de sentido . . . e olho o nada.
Por vezes gostava de voltar atrás, bem atrás, muito atrás, ao início.
Hoje somente sei que sinto, mas não o sei definir, só o sei sentir.
E quero permanecer aqui, assim, só.

Pages