Geral

A TARDE DE HOJE

BILLY BRASIL - 12-08-2011 - 14,47 HS

SENTADO, COPO DE CERVEJA NA MÃO,
FRENTE PARA O MAR, OLHO PEQUENOS BARCOS DE PESCADORES.
DOU BATATA FRITA A CACHORRA QUE REJEITA, É O NÃO,
ACIONO A MEMÓRIA, E PASSEIO COM VELHOS AMORES.
TESTA FRANZIDA, E UM LEME PERDIDO AO POR DO SOL,
OLHOS IRRITADOS COM A AREIA, SOPRADOS PELO VENTO.
MEXEM COM O VAGAROSO PASSO DE UM CARACÓL,
BEBIDA DESCE GELADA PELA GARGANTA.

Pingaram em mim a morte

A dor escreve calmas letras no peito que não pertence mais a mim,
Definha como broto que não vinga
Ou como tempos de veraneios que perdem-se
Por culpa dum olhar caído.

Mesmo as sobras alguém quer para lembrar,
Sei o que é a morte a cada segundo,
Quando respiro relembro das datas escondidas,
Só secou o meu espírito
E minha alma é sacrificada nesta mal vinda noite.

GRÃOS

GRÃOS

 

Grãos de areia que se vão e que são vãos

O vento que sopra ao acaso e balança os cabelos

A onda que compõe canções com pausas eternas

Os pássaros que rodopiam e bicam a praia deserta

Os ônibus que passam ao longe, sempre em frente

A contramão que se anuncia e avança

A reta que surge e cancela as curvas

As dores que se vão porque há algo maior

A beleza que se opõe ao belo imposto

O artifício que conduz ao natural, mais alto que tudo

O olhar desprovido de “antes” e “depois”

Se perguntarem

Se perguntarem

 

Se alguém perguntar por mim, se puder diga que não me conhece.

Se alguém perguntar por mim, diga que fui alguém sem importância

Se alguém perguntar por mim, diga que sou um Zé ninguém

Se alguém perguntar por mim, diga que é alguém sem eira nem beira

Se alguém perguntar por mim, diga que não sabe e não quer saber

Se alguém perguntar por mim, diga que nunca me amou

Se alguém perguntar por mim, se puder diga que me odeia

Se você perguntar por mim, diga que você vai viver sem mim

 

Charles Silva

Pages