Geral

Passado Presente

Passado Presente

 

Pra mim chega, não escrevo mais besteiras e poemas melodramáticos

O amor já foi liquidificado e depois passado numa *arupemba de garimpo

Não impulsiono mais vontades mortas, nem o beijo que não foi dado

Mas se um dia, certo beijo foi importante, não sonhe mais com ele

Pois ele foi, então é PASSADO

Beijo no passado não é importante, pois não é PRESENTE

 

Charles Silva

 

*arupema

(Tipo de peneira usada por garimpeiros)

 

Foi no Carnaval

Foi no Carnaval

 

Ligue pro seu novo amor, não ligue para mim

Eu, nem terceiro plano sou, não ligue para mim

Faz tempo que o amor me deixou depois do carnaval

Foliões e passistas me viram por ai nos becos escuros

O carnaval passou e levou o amor pros braços doutro senhor

Não ligue pra mim, pois nem carnaval em mim sobrou

 

Charles Silva

Insanidade Social

Insanidade Social

 

Fiquei fora do mundo dos quase mortos de espíritos por muito tempo

Quando voltei, só encontrei indisciplina de postura e de brio

Não, digo eu, esse mundo não é pra mim, não posso ver TV

Não posso compactuar com um mundo onde a TV induz as pessoas

Basta um minuto fora desse mundo pra ver o tamanho da insanidade social

 

Charles Silva

Fora dos Padrões

Fora dos Padrões

 

O cair da tarde e seus múltiplos tons, combinam com pessoas exóticas

Assim como é, a beleza agressiva não está para contemplação dos olhos comuns

Pessoas exóticas não estão nos catálogos, nem nas listas normais, nem nas triviais

São pessoas que deixam o mundo comum para as pessoas figurativas

Embora essas pessoas sejam super decoradas, mesmo sem adornos artificiais

Ao direito de ser diferentemente convencional, mas fora dos padrões

 

Charles Silva

Vem do rio, minha alma cantando

Olhos

Espetados em mim como navalhas.

A ferro e fogo

Destruo o que me consome

E nas chamas derrubo

O que me engole.

Em tristes passos cansados

Corro um trilho anguloso

E de braços desarmados

Ignoro o que até hoje aprendi!

Não é solução

Nem tão pouco evasão

É sim um pedaço de mim

Que pede libertação

E a correr deslargo tudo

E me ausento por um segundo

Vem do rio, minha alma cantando

É onda firme, triunfando!

Vou deixar a minha terra

Vou amar meu novo ser

Imortalidade

E se a morte de súbito, se suicidasse?

Quem, neste mundo, iria
Estabelecer a contínua ordem da vida?
Ficaríamos da mortalidade, desprovidos

Vivendo no ócio de nunca morrer.
Nossas peles enjelhariam-se, formando fendas negras onde
Milhares de bactérias se deleitavam
Nossos olhos seriam dois pontos clandestinos sob
Frias e cansadas pálpebras
Nossos membros cairiam despedaçados,
derrotados perante a irrelevância temporal.

Nu e Cru

Nu e Cru

 

Brincadeiras íntimas espontâneas expõem cumplicidade, amizade, confiança e entrega total. Amantes se dão, se mostram, se tocam, se lambem, se sentem. Pedem para repetir tal brincadeira íntima sem falar nada, só gestos. É o jeito, é o gesto, é uma troca de olhares, é o pedir mais, sentindo mais, e ficando mais nu e cru.

 

Charles Silva – Textos

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