Geral

Mulher de busto

A vez primeira que ela foi vista,
Seviciadas eram as palavras numa pacata voz,
Qual se amada doce nos trovões suaves
De dias quedados perante horizontes inteiros.

A idade cumprimentou o tísico tempo
Ai de nós! Ai de nós!
Mulher de busto sol-posto
Amarelo borrado de vermelho
Tarde penetrada lentamente pelo ouro quente.
Quem sois?
És para mim cabotino sem graça
Pobre amargo, louco sem dente...

Joana amava assim

Joana amava assim

 

Joana era assim, qualquer pequeno espaço, corria pra outros braços

Joana era assim, qualquer pausa, em outras pernas encaixava

Joana era assim, quando brigava, outros lábios beijava

Joana era assim, por vingança, os amigos levava pra cama

Joana era assim, se entregava pra outros homens

Joana era assim, se entregava pra outras mulheres

Joana era assim, cobrava atitudes, quando as suas eram assim

Joana era assim, dizia que amava, mas amava assim

 

Charles Silva

quadras ausentes

Já fui nova, novinha em folha
Mas ai de mim, já nem sei!
Se o espelho quando me olha?!
- Pensa que outra serei!

Nem sei qual estou sendo
Pois ai de mim já nem sei!
Meus olhos verdes morrendo
- Depressa daqui me irei.

Já fui de amores e afagos
Já fui ave do céu com ninho
Já fui dum cacho seus bagos
Agora que sou? Nem adivinho!?

- Já fui moça estremecida
- Um pedaço de horizonte!
- Já fui lezíria de Vida,
Hoje? Não passo dum monte.

Na mesa

Hoje,nesta mesa,sozinha,escrevo já bêbada
Nessa mesa de bar com um copo ao lado, um copo e um guardanapo.

Nessa mesa boêmia de bar. Eu morro.
Morro de tédio e de álcool
Nessa mesa cheia de cerveja eu escrevo já tonta
Tantos pensamentos... Cabeça á mil.

O dia começa a clarear é hora de ir.
Não posso mais ficar nesse tédio,
Esse guardanapo... Esse copo... Esses garçons que me dão mais cerveja...Essa mesa boêmia morta...

Colocam a gente num tédio e numas inspirações fora do normal.

quadras esquecidas

Já meu coração se cansou
Anda aqui a contra-gosto
Foi o amor que o maltratou
Ou da vida algum desgosto.

Canto e p'ra meu desespero
Vou cumprindo sina minha
Agora o que mais quero?!
Só eu sei, quem adivinha?

Lá da terra donde vim?!
Do lugar não reza a história
Mas vos digo ainda assim
Que não me sai da memória.

Há searas de trigo loiro
Ao sol e ao vento a ondular
Ao longe ficou meu tesoiro
Mas vivo para o recordar.

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