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Covarde!

Covarde!

 

Sempre acabo regressando em lágrimas.

Tenho a coragem de atirar a pedra no fundo poço escuro,

Mas não tenho coragem de ir busca-la.

Sinto demasiadamente covarde.

Regresso em lágrimas,

Atiro outra pedra.

Covarde!

 

O violino me machuca com seu serrilhar,

Perfura lentamente minhas entranhas...

Sei que sou senti-dor, venho nascendo assim.

Não penso conclusivamente, sou lento, como a sonata que ecoa.

 

Atiro outra pedra,

há um não sei quando

trémula a última estrela
soltam-se palavras na memória
a dor ri de mim
é tanta a sombra que me envolve
no escuro
debalde a claridade procuro
no tempo que me tem,
e só é a saudade que vem
do tempo de além.

tiro da gaveta o linho
com o olhar turvado
morro como um passarinho
com seu cântico acabado.

MINHA CARA

MINHA CARA

 

Esta é a minha cara, barba branca, cabelos brancos, olhos claros, muitas rugas vindas com o tempo. Minha face, meu rosto, minha cara, não importa como a chame. Amo cada um dos meus fios brancos, respeito todas as minhas rugas. Elas têm muitas histórias pra contar, tem o gosto doce de dias felizes, o sal de dias insólitos, e muitas lembranças guardadas. Essa é a minha cara. Há quem goste.

 

Charles Silva

Estado de Espírito

Estado de Espírito

 

Vou inventar uma versão romântica de mim mesmo. Quem sabe dá certo, esse modelo atual está muito chato. Nem moderno, nem pós-moderno, nem antiquado. Talvez uma versão mais futurista me caia bem, se eu fosse um carro eu ia pra um lava jato. Acho que preciso ré inventar um novo estado de espírito.

 

Charles Silva

Papel de Pão

Papel de pão

 

Fiz meu primeiro bilhete num papel de pão. Era um bilhetinho acanhado, mas lá estava todo o meu coração. Aquele foi meu primeiro bilhete pra minha primeira paixão. Lá estava eu todo feliz autografado num pedaço de papel de pão.

 

Charles Silva

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