Geral

À DERIVA

Ó vento que insistes

Em soprar em turbilhão

Não leves nas tuas asas

A essência da razão.

 

Ó chuva impiedosa

Que alagas a nossa calma

Não arrastes nas tuas águas

A génese da nossa alma.

 

Ó mar imenso, imponente!

De vagas tão grandiosas

Agradeço

Agradeço

 

Agradeço tua passagem em minha vida

Agradeço pelos muito bons momentos de risos

Agradeço pelos momentos ruins, pelas brigas

Agradeço pelo ciúme, pelos palavrões ditos

Agradeço por teres me traído só pra humilhar

Agradeço por ter te traído também

Agradeço por teres saído da minha vida

Agradeço por agora andar em paz, sozinho

 

Charles Silva

Eu, Fado

Eu, fado, negra sina do destino
Quais as penas? Pensamento...
Que sombras tristes, desatino
Não me perca o esquecimento.

Quando e qual ilusão, afronta
Me mastiga o interior?
Em que horas me amedronta
E me perco sem rubor?

Que desculpas tenho eu?
Em que sonho já perdido?
Se memórias já sou eu
E nas memórias sou esquecido.

Pai! Os velhos trigos que vivi

O mundo cantou a música da vida
Nós dançamos feito sapos contra insetos de chuva,
Só escorreu tinta avessa de pulmões intermitentes
Nas sacadas dos velhos telhados envelhecidos.

Olharam com cuidado
E o que pareceu-nos foi refresco
De brisa triste fincada às persianas de domingo.

Longe dos novilhos
Dos pastos
Do doce dos sucos.

Fugiram todos mais todos mesmo
Assim, quem foi parido resmungou um palavrão
Em forma de ódio
Daqueles que cheiram a última vaca parida.

Era muito amor?

Era muito amor?

 

Mas era tanto amor dito, prometido, discursivo, explanado. Era tanto amor pra pouca cama. Era tanto amor pra tão pouca fidelidade. Era tanto amor pra pouca crença. Era tanto amor pra pouca lealdade. Era tanto amor pra poucas verdades. Era tanto amor pra outros encontros. Era tanto amor pra em poucos dias mudar de dono. Era muito amor?

 

Charles Silva

 

A face do lobo

A face do lobo

 

Flores digitais e rosas musicais não servem ao propósito, nem das rosas, nem das flores. Ataques frontais são mais originais e concernentes aos lobos. Máscaras caem quando afrouxam pelo uso freqüente. Vê-se então a própria face sombria dos lobos, sem máscaras, porque máscaras servem ao seu propósito, mascarar a face do lobo.

 

Charles Silva

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