Não é possível amar só uma mulher
Autor: CharlesSilva on Wednesday, 5 June 2013Não é possível amar só uma mulher
Não é possível amar só uma mulher
Eu, fado, negra sina do destino
Quais as penas? Pensamento...
Que sombras tristes, desatino
Não me perca o esquecimento.
Quando e qual ilusão, afronta
Me mastiga o interior?
Em que horas me amedronta
E me perco sem rubor?
Que desculpas tenho eu?
Em que sonho já perdido?
Se memórias já sou eu
E nas memórias sou esquecido.
O mundo cantou a música da vida
Nós dançamos feito sapos contra insetos de chuva,
Só escorreu tinta avessa de pulmões intermitentes
Nas sacadas dos velhos telhados envelhecidos.
Olharam com cuidado
E o que pareceu-nos foi refresco
De brisa triste fincada às persianas de domingo.
Longe dos novilhos
Dos pastos
Do doce dos sucos.
Fugiram todos mais todos mesmo
Assim, quem foi parido resmungou um palavrão
Em forma de ódio
Daqueles que cheiram a última vaca parida.
Era muito amor?
Mas era tanto amor dito, prometido, discursivo, explanado. Era tanto amor pra pouca cama. Era tanto amor pra tão pouca fidelidade. Era tanto amor pra pouca crença. Era tanto amor pra pouca lealdade. Era tanto amor pra poucas verdades. Era tanto amor pra outros encontros. Era tanto amor pra em poucos dias mudar de dono. Era muito amor?
Charles Silva
A face do lobo
Flores digitais e rosas musicais não servem ao propósito, nem das rosas, nem das flores. Ataques frontais são mais originais e concernentes aos lobos. Máscaras caem quando afrouxam pelo uso freqüente. Vê-se então a própria face sombria dos lobos, sem máscaras, porque máscaras servem ao seu propósito, mascarar a face do lobo.
Charles Silva
Da janela
Prédios e trilhos
Buscam sentido
Absorver o sol
Ou a frieza do asfalto.
Passando
De metro
Os olhos
Cabeças baixas
Sonolência
Ouvidos atentos
Violência.
Estações
Da nossa história e de vagões
Nem só de felicidade se brinda
Mas também por ter vida.
Navegar é preciso dizia o poeta luzitano, concordo, pois meu barco quer zarpar
Ao navegar é preciso seguir as correntes, muita atenção a direção dos ventos
Como navegante atrevido que sou, recolho minhas âncoras e deixo o cáis
Tempestades sei que viram, recolho as velas, aciono motores, sigo a bússola
Quantos mares singrarei em busca de mim, atravesso oceanos intermináveis
Golfinhos a direita, baleias no horizonte, cardumes seguem minha rota
Uma vez em alto mar, todo cuidado, pois, navegar é preciso, dizia o poeta luzitano.
Charles Silva
SÉRIE: “ CRÔNICAS LITERÁRIAS ” – P/Charles Silva
Crônica: 2 de 54
Título: “ CRÔNICA DA MORTE POR NADA. “