Geral

O mundo lá fora...

 

O mundo vestiu-se de noite
eu de ti me vesti...   

a lua entregou-se ao céu
e eu entreguei-me a ti...

por entre a escuridão lá fora
a vida se ia perdendo...
entre os teus braços, meu amor
para a vida eu ia nascendo...

refugiada em teu corpo
a madrugada espiava...
o desejo que corria louco
e que a  pele incendiava...

Na surdez da noite...

 

Gosto de me dar à noite,
quando não me dou a ti,
ela mesmo em silêncio,
fala tanto para mim...

Escuto as linhas que rasgam,
o horizonte do olhar,
e penso o quanto queria,
no teu corpo me aninhar...

A lua lá no alto,
enfeitiça-me o pensamento,
e quando eu fecho os olhos,
vejo-te a cada momento...

A brisa da escuridão,
trás o som da tua voz,
escuto o meu nome ecoando,
deixando o meu coração veloz...

Viagens na tua pele...

 

Percorro-te incessantemente...
faço do teu corpo a minha extravagância...
sigo o rasto da obscenidade que se resguarda nos teus poros...
resgato os cheiros....salvo sentidos...
como naufraga vou buscar-te em todos os sinais,
és farol de sentimentos,
luz acesa que me encaminha à insensatez...
Na tua pele destapo a minha estrada,
atropelo o meu juízo...
 

Ártemis

Contas de rezar

          A Maria dos Prazeres
          Mizericordia dos mares!
          Que escrevi para tu leres,
          Que eu fiz para tu rezares!

Maria dos Prazeres.                       Antonio sem Elles.

    Maria é! Violeta da Humildade
    Onda do mar das Indias! sempre triste!
    Porque andará tão triste nessa idade
    Se o Deus em que ella crê para ella existe?

*JUNTO DO MAR*

Que vezes viajando no Passado,!
--Nas horas das torturas das Chimeras--
--Meu bem!--scismo nas limpidas espheras,--
Junto do verde mar lento e chorado!

N'esses astros talvez já habitámos,
--N'outros tempos mais santos e felizes!
E, ó nuvens! bem sabeis se entre as raizes
Dos mortos, para os soes nos elevámos!

Talvez que ali tambem fomos romeiros
Sedentos do Ideal--sem o encontrar!
--Melhor vós o sabeis, castos luzeiros!
Ó chorosa e sonora alma do Mar!

ANGÚSTIA

 

Será possível que Ela me faça perdoar as ambições continuamente esmagadas,

— que um final feliz compense os anos de indigência, — que um dia de

sucesso nos adormeça sobre o vexame de nossa fatal incompetência.

(Ó aplausos! diamante! — Amor! força! — maiores do que glórias e alegrias!

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